Petrobras (PETR4): O recado da CEO após prejuízo bilionário e decepção com dividendos
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A CEO da Petrobras (PETR4), Magda Chambriard, disse nesta quinta-feira (27), após a divulgação do balanço do quarto trimestre da companhia, que 2024 foi um ano muito positivo para a estatal e que acredita que este ano será “ainda melhor”.
“Entendemos a frustração com a redução dos dividendos no curto prazo, mas estamos priorizando investimentos estratégicos, especialmente na antecipação de projetos em Búzios”, disse em teleconferência com analistas.
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“O que estamos entregando, em última análise, é mais óleo no bolso dos acionistas no futuro”.
Ela disse que, se fosse viável, a empresa anteciparia todo o Capex de Búzios hoje, pois isso aceleraria a produção de novos FPSOs e geraria mais valor para a Petrobras. “Caso surjam oportunidades de antecipação no futuro, a Petrobras estará empenhada em aproveitá-las ao máximo”, disse.
Chambriard destacou que, quando sua gestão assumiu, fez uma reavaliação do plano estratégico 2024-2028. “Constatamos que havia uma previsão de não realização do Capex nesse período. Inicialmente, decidimos reduzir o investimento anual de R$ 18,5 bilhões para R$ 14,5 bilhões”.
No entanto, segundo ela, o que ocorreu foi que esses investimentos eram, prioritariamente, destinados ao campo de Búzios. “Conseguimos antecipar esses investimentos e alcançar um valor de R$ 16,5 bilhões anuais, o que já está refletindo no aumento da produção”, disse ela.
A executiva ponderou que talvez tenha sido um pouco drástico reduzir as expectativas de realização inicialmente, mas disse que o resultado foi positivo: o FPSO Almirante Tamandaré chegou ao Brasil em 2024, em vez de 2025, e o FPSO Maria Quitéria iniciou sua produção em 2024, em vez de 2025.
“Como resultado, estamos produzindo mais barris por dia em Búzios do que o inicialmente esperado”, afirmou.
A CEO frisou que o prejuízo contábil registrado não teve impacto no caixa da companhia. “Ele foi resultado da variação cambial das dívidas entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior, um efeito puramente contábil que não representa desembolso financeiro. Nosso caixa continua sólido”, afirmou.
Petrobras em queda
Os papéis da Petrobras operam em queda nesta terça-feira (27) após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024. Por volta das 12h05, a baixa de PETR4 era de 4,40%, a R$ 36,28.
A XP Investimentos disse não acreditar que a realidade seja necessariamente tão ruim quanto a reação inicial que o mercado sugere, mas ponderou que levará alguns trimestres melhores de geração sólida de fluxo de caixa para remediar a decepção.
“Parece que o aumento repentino nos investimentos da Petrobras gerou temores de motivação política (de usar a Petrobras para acelerar artificialmente o PIB doméstico). Não acreditamos que tais temores sejam necessariamente bem fundamentados”, disse.
A Petrobras, argumenta a XP, possui um forte framework de governança para proteger a empresa contra tais conflitos de interesse. “Mas também porque faz sentido que a Petrobras atue no melhor interesse dos investidores ao antecipar as plataformas de Búzios, se viável, dado a qualidade de classe mundial do ativo e os altos retornos”.
Os números da Petrobras
A Petrobras divulgou um capex de US$ 5,7 bilhões no quarto trimestre, aumentando os investimentos de 2024 para US$ 16,6 bilhões, 19% acima da estimativa oficial de US$ 14 bilhões (ponto médio do intervalo).
O Ebitda da empresa ficou em US$ 10,0 bilhões, ligeiramente abaixo da estimativa do Bradesco BBI (US$ 10,6 bilhões) e do consenso do mercado, com uma diferença negativa de 8%. Além disso, o fluxo de caixa livre antes dos dividendos foi de US$ 1,6 bilhão, um rendimento de 1,8% no trimestre, muito aquém da projeção de US$ 3,0 bilhões.
Segundo o Bradesco BBI, dois fatores principais explicam essa queda na geração de caixa: um alto consumo de capital de giro, de US$ 2,7 bilhões, devido à concentração de pagamentos de impostos no trimestre, e um Capex (investimentos) de US$ 4,4 bilhões, superando a estimativa de US$ 3,5 bilhões.
A empresa reportou prejuízo líquido de R$ 17 bilhões, número abaixo da projeção de ganhos de R$ 20,9 bilhões, feita por analistas em consenso reunido pela Bloomberg.
Segundo a estatal, o resultado reflete, principalmente, o impacto da desvalorização cambial e o aumento das provisões, sem efeito caixa, nas despesas operacionais, compensados parcialmente pela redução no IR/CSLL. Desconsiderando esses eventos exclusivos, a Petrobras teria registrado o lucro de R$ 17,7 bilhões.
Em 2024, o lucro líquido da companhia recuou 70,6%, para R$ 36,6 bilhões, principalmente “por eventos exclusivos, em maior parte sem efeito no caixa da companhia”. Os números são um contraponto aos resultados de 2023, quando a companhia teve o segundo maior lucro líquido de sua história, de R$ 124,6 bilhões.