Petrobras (PETR4): O que estatal poderia ganhar com exploração na Foz do Amazonas?
O mercado acompanha de perto o cabo de guerra envolvendo a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Rio Amazonas, que ganha mais tensão com a perspectiva de a Petrobras (PETR4) recorrer ainda nesta semana contra a decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de negar o pedido de licença para perfuração na região.
Até esta quarta-feira (24), a empresa estatal deve entrar com um pedido de reconsideração antecipadamente ao vencimento do prazo legal, no fim deste mês. Na semana passada, o órgão de proteção ambiental negou à petroleira a licença para perfurar a Foz do Amazonas, que integra a Margem Equatorial brasileira, considerada uma fronteira com grande potencial exploratório de petróleo, por preocupações quanto a potenciais danos ambientais.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, chegou a comentar sobre o assunto em entrevista à CNN, vendo como difícil a possibilidade de o órgão reverter sua decisão por pressão política.
“A Petrobras pode reapresentar o pedido, mas muito provavelmente a equipe técnica não vai mudar o seu parecer sem que haja alteração no projeto”, afirmou Agostinho.
O que Petrobras ganharia com licença?
A Bacia da Foz do Rio Amazonas faz parte da Margem Equatorial, situada no litoral entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte.
Apesar de o plano exploratório ainda estar em fases de estudo – a Petrobras tem mantido uma sonda e outros recursos mobilizados na área -, a Matriz Equatorial é estratégica para a estatal e pode dar uma grande vantagem competitiva para a companhia no setor petrolífero, que caminha para o movimento global de transição energética.
A partir de descobertas recentes, a Margem Equatorial passou a ser vista como uma área de importante potencial para a exploração de petróleo, segundo a Petrobras.
“Consideramos que a sociedade tem o direito de saber qual o real potencial da área, bem como participar do desenvolvimento regional e nacional”, declarou a empresa, em março.
Na avaliação de Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, a Margem Equatorial tem boas chances de agregar reservas importantes e capacidade de produção para a Petrobras no futuro.
A aposta na área é tão grande que a companhia estima que quase metade (49%) de seu capex (investimentos) exploratório para 2023-27 será voltado para a Margem Equatorial. Dos 42 poços previstos dentro do período, 16 devem se situar na região.
Também em março, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) divulgou cálculos apontando que a exploração de petróleo na Margem Equatorial poderia levar a uma produção de aproximadamente 1,1 milhão de barris de óleo por dia (bpd) na curva de produção nacional a partir de 2029.
Os números consideram início de produção na região em 2026, com o pico atingindo 1,1 milhão de bpd entre 2029 e 2036, antes de começar a recuar.
A previsão foi feita com base em informações geológicas disponibilizadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e considera a exploração nas áreas já contratadas na região, reservas estimadas de 30 bilhões de barris e um fator de recuperação de 25%.
Divisão no governo
Ministros do governo Lula se dividem quanto à decisão do Ibama. Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, se mostrou contra a decisão do Ibama, defendendo a necessidade de estudar a área para decidir, no futuro, sobre a exploração de petróleo.
Enquanto isso, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é contra à proposta de explorar a Foz do Amazonas, destacando os potenciais impactos socioambientais que a atividade exploratória poderia causar na área. Vale lembrar que o Ibama está subordinado à pasta comandada por Marina Silva.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também soltou declarações sobre o posicionamento do órgão ambiental, sugerindo que acha “difícil” que a exploração de petróleo na bacia traga problemas ambientais para a Amazônia.
“Se explorar esse petróleo der problema para a Amazônia, certamente não será explorado, mas eu acho difícil porque são 530 km de distância da Amazônia”, comentou Lula nesta semana, em reunião de cúpula do G7 no Japão.
Com informações da Reuters.