Petrobras (PETR4): O que esperar da estatal após 3T22 ‘sólido’ e novo governo
As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) abriram esta sexta-feira (4) em alta. Na abertura do pregão, os papéis ordinárias da petrolífera, PETR3, saltavam 1,55%, a R$ 33,82, entanto os preferenciais, PETR4, subiam 1,80%, a R$ 30,48. Mais tarde, as ações inverteram a alta e passaram a cair 2% e 1,50%, respectivamente.
Os papéis da estatal começaram o dia reagindo aos resultados “sólidos” da companhia referentes aos terceiro trimestre de 2022, segundo analistas. Eles destacam que a Petrobras apresentou um balanço forte em principalmente de Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e geração de caixa.
Os especialistas também destacam o anúncio de dividendos, de R$ 3,35 por ação, mas dizem que os acionistas da companhia podem sentir pressão do fator político.
A Ativa e a Genial reiteram a recomendação de compra para PETR4, com preços-alvo de R$ 46,00 e R$ 40,00, respectivamente.
3T22 sólido para Petrobras
A Petrobras apresentou resultados em linha com os números do consenso do mercado. Segundo Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, os destaques do terceiro trimestre foram a atuação em exploração & produção e gás & energia.
O preço do petróleo realizado no segmento de exploração & produção foi de US$ 98,8/bbl. A produção nesse segmento foi de 2,6 Mboed no período e o Ebitda ajustado atingiu R$ 73 bilhões, crescimento de 34% na comparação anual.
No segmento de refino, transporte e comercialização, o volume total da produção foi de 1,750 Mbpd e uma taxa de utilização do parque de refino de 88%. O Ebitda consolidado recorrente ficou em R$ 92,3 bilhões e com uma geração de caixa livre de R$ 52,9 bilhões.
Já em gás e energia, segundo analista da Empiricus Investimentos Ruy Hungria, o segmento refletiu reajustes de preços de gás e melhores margens de comercialização, que mais do que compensaram as quedas nas vendas de energia por conta da melhora da hidrologia.
O Ebitda atingiu R$ 4,6 bilhões, quatro vezes maior do que o mesmo período de 2021 e um crescimento de 43% na comparação com o segundo trimestre do ano.
Quanto a investimentos, foram de US$ 2,1 bilhões entre julho e setembro.
A dívida líquida alcançou R$256,7 bilhões (US$47,8 bilhões) no 3T22, números vistos ainda como confortáveis, tanto para seguir com seu plano de investimentos e eventuais dividendos extraordinários caso o preço do brent continue em valores elevados, segundo Vitor Souza, da Genial.
A receita da estatal totalizou R$ 170 bilhões, em linha com o trimestre passado. Já o lucro líquido do trimestre foi de R$ 46,1 bilhões.
Dividendos surpreendem
Apesar de surpreendentes, a Genial não vê nenhum exagero no pagamento de dividendos de R$ 3,35 por ação, anunciados na quinta (3), à medida em que, segundo a corretora, a empresa segue em um momento de forte geração de caixa operacional e com dívida dentro do controle.
Os investimentos da empresa devem ficar entre US$ 9 e 10 bilhões ao longo de 2022, destacam. “Razoavelmente” em linha com o pipeline de investimentos estimados pela empresa para o período de 2026 e alcançando as metas de produção estimadas para 2022, avalia a Genial.
Para a Ativa, os dividendos ainda constituem uma oportunidade para o investidor, sobretudo diante do panorama atual dos mercados, diz a corretora.
No entanto, segundo a Ativa, as ações seguem pressionadas pelo fator político nos próximos meses. Ainda assim, para os analistas, é “inegável” positiva a relação risco x retorno disposta pela Petrobras e evidenciada pelos seus múltiplos, que seguem defasados perante os pares.
Somando os novos dividendos, de R$ 3,35 por ação, aos valores já foram distribuídos ao longo de 2022, a Petrobras entregou R$ 13,8 por ação em proventos. O total alcançou R$ 180 bilhões, segundo a corretora.
Para ficar de olho
Com o barril próximo a US$ 100 no mercado internacional, o analista da Ativa vê a companhia sendo capaz de manter o nível da geração de caixa apresentada e entregando bons resultados no último trimestre de 2022.
No entanto, os analistas alertam que, com a atual mudança no comando do executivo, os próximos passos da empresa precisam ser acompanhados de perto à medida que, por ora, o fluxo de notícia tem sido negativos para empresa.
Eles lembra de críticas à política de dividendos, disposição em aumentar investimentos em segmentos onde, na avaliação dos analistas, não possui vantagens comparativas, política de paridade de preços, e possíveis indicações “políticas” para cargos chave na empresa.
O medo do mercado é que, com a volta do PT ao poder, os resultados voltem a piorar consideravelmente nos próximos anos, o que explica a reação negativa de PETR4 após as eleições, reforça a Empiricus.
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