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Petrobras (PETR4): O que diz a ponta compradora sobre a troca de CEOs

29 mar 2022, 18:27 - atualizado em 29 mar 2022, 18:27
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Últimas declarações de Pires foram de apoio ao reajuste dos preços promovido pela gestão de Silva e Luna. (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

A indicação do economista Adriano Pires para a presidência da Petrobras (PETR4) pouco altera a percepção dos investidores sobre a companhia, que seguem uma linha de raciocínio semelhante à de bancos e corretoras.

Os papéis da estatal subiram 2% nesta terça-feira (29), a R$ 32,38, acumulando uma alta de 35% neste ano. 

Chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, Gustavo Harada diz que os acionistas minoritários continuam questionando o quanto o governo pode interferir na política da empresa e comenta que o mercado estará atento ao que pode acontecer a partir da indicação do novo CEO.

“Mas, pelo perfil do novo presidente, eu não vejo um cenário de mudança muito forte. O que a gente precisa identificar é o quanto que o governo ainda vai conseguir impactar na empresa como um todo”, disse.

O sócio e gestor da 3R Investimentos Rodrigo Boselli, que avaliou a mudança de CEO como neutra, lembra que a política de preços e desinvestimentos não dependem do presidente da companhia, mas do planejamento estratégico do conselho de administração.

“O conselho que vai assumir [em abril] tem uma orientação muito pró-mercado. Além disso, todo mundo já sabe o que pensa o novo CEO”, afirma.

Pires é doutor em Economia Industrial pela Universidade de Paris XIII. A última passagem do economista pelo governo foi como assessor da diretoria da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).

As últimas declarações de Pires foram de apoio ao reajuste dos preços promovido pela gestão de Silva e Luna.

Impacto sobre a imagem da Petrobras

O gestor da 3R Investimentos, que tem uma posição relevante na estatal, diz que a mudança de CEO não tem exatamente um impacto positivo sobre a imagem da Petrobras. “Não existe justificativa para a mudança, do ponto de vista de negócio”.

Para Boselli, pouco se fala sobre a atuação da empresa, investimentos e geração de caixa. “Se a gente parar pensar, nos últimos dois anos, o que mais se fala é em política de preços”, afirma.

O especialista lembra que uma mudança na política de preços teria como empecilho a Lei das Estatais, que determina que o controlador ressarça a empresa em caso de medidas que prejudiquem os acionistas minoritários.

A 3R Investimentos diz ter aumentado a posição em Petrobras quando as ações da empresa caíram bruscamente com a troca anterior de presidente, no ano passado.

O impacto da Petrobras nas eleições

Nem mesmo o risco eleitoral e de um novo governo abala a confiança na tese sobre a Petrobras, diz Boselli, que avalia que a mudança na política de preços da companhia teria um custo político. “Tem ganho [do governante], mas acho que também perde muito”.

Werner Roger, CIO e um dos fundadores da Trígono Capital, tem opinião diferente, apesar de avaliar que a troca de presidente na empresa tem pouco impacto sobre a companhia.

“O Adriano Pires é realmente um especialista do setor, mas nós temos eleições nos próximos meses, e um dos candidatos já declarou ser contra a atual política de preços”.

O gestor destaca que o mandato de Pires pode ser curto, por conta de uma eventual troca de governo, mas diz acreditar que o economista não embarcaria em posição de executivo que fosse contra aquilo que ele expressou acreditar sobre o mercado.

Para Roger, a mudança no comando da Petrobras pode ter acontecido por um descontentamento do presidente Jair Bolsonaro envolvendo um dos reajustes de preços promovidos pela estatal, que aconteceu em um momento em que o Executivo discutia a redução de impostos.

A gestora não investe na estatal e defende o investimento em PetroRecôncavo (RECV3) como forma de exposição ao petróleo.

*Colaborou Alexa Meirelles

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