Petrobras (PETR4): O alerta de analistas para os megadividendos; ‘Podem ter sido os últimos’
Analistas continuam revisando as estimativas da Petrobras (PETR4) para encaixar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva na equação. E, até o momento, o cenário tem sido de pessimismo com o novo governo.
Após o Goldman rebaixar a empresa, Ativa e Inter Research também seguiram parte do mercado e cortaram a recomendação da estatal de compra para neutra com preço-alvo de R$ 35 e R$ 42, respectivamente.
Segundo o analista Ilan Arbetman, após as eleições e os resultados, a companhia passará por mudanças que alterarão a percepção de seu risco por parte do mercado.
“Tais mudanças passam pelos sua atual eficiência operacional, governança, investimentos, capacidade de geração de caixa operacional e por conseguinte, a remuneração de seus investidores”, coloca.
Para ele, ainda que o arcabouço jurídico atual que envolve a empresa limite uma atuação do Executivo como no passado e que as ações de Petrobras sigam negociando com um forte desconto, “tal subprecificação persistirá até o mercado dispor de maior clareza a respeito dos próximos passos da companhia”.
Já o analista do Inter, Rafael Winalda, diz que o cenário é de incertezas. “Não sabemos se no curto prazo teremos um céu azul ou uma longa tempestade, a melhor opção é a cautela”, discorre.
Winalda lembra que alguns líderes da nova gestão do Governo Federal sugerem uma flexibilização ou até mesmo uma nova política de preços para o setor e, consequentemente, para a Petrobras, “o que poderia levar a um cenário já vivido pela empresa em outros tempos, incorrendo em grandes prejuízos”.
O analista argumenta que caso o preço de venda dos derivados seja demasiadamente inferior ao praticado no mercado externo, com a venda de um barril de derivado não cobrindo o custo de aquisição, transporte, impostos, custo de oportunidade e outros, “os agentes de mercado acabam se afugentando, tornando a Petrobras o único importador dos produtos e assumindo todo o possível risco da volatilidade dos preços”.
Pelos cálculos do Inter, para cada um dólar de prejuízo por barril, considerando a Petro importando barril nessas condições extremas adversas, poderia haver cerca de US$ 110 milhões de prejuízo ao ano para a companhia
Fim dos dividendos da Petrobras?
De acordo com Arbetman, os dividendos da Petrobras no terceiro trimestre podem ter sido os últimos de grandes proporções. Na quinta-feira, a empresa anunciou o pagamento de R$ 43 bilhões, ou R$ 3,35.
O analista diz que o caixa atual de US$ 6,9 bi seja suficiente para as necessidades da empresa, que fica com uma posição ainda mais tranquila se adicionarmos as linhas de crédito disponíveis, “entendemos que o patamar atual de disponibilidades limita a distribuição ao resultado auferido pela empresa à geração individual de cada trimestre, que também pode vir a se mostrar menos robusta no caso da nova gestão empreender as mudanças supracitadas”.
Segundo Bruno Amorim e equipe do Goldman, os pagamentos de dividendos têm sido um foco dos investidores. Entretanto, o presidente eleito, Lula (PT), e outros funcionários de seu governo mencionaram a intenção de diminuir o pagamento de proventos, a fim de promover investimentos em refino e renováveis onde a estatal não tem histórico.
Os analistas ainda avaliam os papéis da companhia como relativamente baratos, mas se o pagamento de dividendos for reduzido, pode haver um risco significativo de queda para a previsão de linha de base de proventos.
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