Etanol: Quanto você vai pagar para abastecer? Depois da Petrobras (PETR4), ninguém sabe; entenda
Os produtores de etanol e especialistas no setor sucroalcooleiro ainda tentam entender todos os impactos da nova política de preços da Petrobras (PETR4), anunciada ontem. Por enquanto, ninguém consegue responder à pergunta mais simples dos brasileiros que abastecem seus veículos com etanol: quanto pagarão agora?
Na visão de Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), independente da redução de preços anunciada também ontem pela estatal, a nova política tira a previsibilidade e a transparência dos combustíveis, presentes na tão criticada paridade de preço internacional (PPI).
“A partir do momento que você cria uma ‘fórmula’ que nenhum analista consegue quantificar, como acontecia na PPI, há uma perda da responsabilidade, afetando outros combustíveis, como é o caso do etanol”, explica.
De acordo com Rodrigues, com a PPI você tinha fatores de previsibilidade como safra e entressafra de cana, preço da gasolina e do petróleo no mercado internacional.
“Essa nova política deixa uma lacuna para uma possível arbitrariedade da Petrobras, o que no fim do dia, pode prejudicar a competitividade do etanol frente a gasolina”, explica.
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Ainda de acordo com ele, as explicações dadas pela Petrobras para a nova política são de difícil compreensão para o mercado.
“A PPI não era uma política obrigatória, mas sim um indicativo, porque ela compara o preço do produto importado com o valor do mercado internacional, ou seja, eu não posso vender o combustível muito mais barato ou mais barato do que esse preço de concorrência. Quando isso acontece, você tira essa previsibilidade, essa transparência, você abre essa brecha para uma discricionariedade da Petrobras”, avalia.
Etanol
Na visão de Rodrigues, a mudança deve criar um nó na produção de etanol, já que as usinas terão uma maior dificuldade na tomada de decisões.
“Normalmente, quando há uma baixa do petróleo no mercado internacional e o momento é de uma safra mais açucareira, o usineiro projeta uma maior competitividade, mas se ele não tiver isso, como ele decide sobre o mix das usinas? Isso afeta o importador, as refinarias e toda a cadeia”, explica.
Monopólio da estatal?
Para o diretor do CBIE, a Petrobras, com a sua nova política de preços, está usando seu poder de monopólio para dizimar o mercado privado.
“Quando a Petrobras diz que vai usar a competição de preços de forma regional, eu não tenho dúvida de como isso vai ser usado. Será que isso significa dizer, que em determinado mercado, onde exista uma refinaria privada, a Petrobras vai olhar o preço praticado e vender seu produto mais barato?”, explica.
Com base na nova política de preços? Se for este o cenário, precisamos que os órgãos antitruste do Brasil, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), fiscalize eventual uso de poder por um agente dominante. O monopólio precisa ser regulado”, pontua.