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Retornos de 60% e dividendos: Morgan faz as contas e recomenda compra em Petrobras (PETR4); ação dispara 8%

26 ago 2024, 11:59 - atualizado em 26 ago 2024, 17:38
Petrobras
(Imagem: iStock.com/iStock.com/)

Uma combinação de fatores ativou ‘gatilhos’ para o papel da Petrobras (PETR4) disparar mais na sessão desta segunda-feira (26). Além do preço do petróleo, que salta mais de 2%, o Morgan Stanley elevou a recomendação da estatal para overweight, o equivalente à compra, com preço-alvo de US$ 20 até 2025, potencial de 38% ante o último fechamento.

Em reação, os papéis dispararam no Ibovespa. As ações ordinárias (PETR3) fecharam o pregão como a maior alta do índice, com avanço de 8,96%, a R$ 42,92. Já as ações preferenciais (PETR4) terminaram o dia com ganhos de 7,26%, a R$ 39,57.

No relatório, os analistas Bruno Montanari, Thiago S Casqueiro e Carlos F Moraes escrevem que, para o bem e para o mal, a tese da Petrobras continua centrada no pagamento de dividendos. Os analistas calculam que a empresa pode pagar US$ 7 bilhões até 2025. Considerando os proventos, a ação poderia somar retorno de 60%.

O trio recorda que a ação caiu 17% desde o seu pico no início de 2024 e manteve-se estável nos últimos cinco meses, embora com elevada volatilidade. “Com as mudanças de gestão, acreditamos que o nível de ruído diminuirá gradualmente, o que poderá remover parte do componente de volatilidade”, dizem.

Além disso, o Morgan avalia que as mensagens da nova administração, incluindo a CEO Magda Chambriard, que tomou posse em junho após a saída conturbada de Jean Paul Prates, leva a acreditar na continuidade da estratégia, com a coexistência de aumento responsável dos investimentos e distribuição de dividendos, desde que haja disponibilidade de caixa sobrando.

Ainda segundo o banco, a estatal tem ‘estofo’ para colocar o plano de investimentos e em prática, de quebra, remunerar os acionistas. O Plano Estratégico da Petrobras de 2024-2028 prevê investir US$ 102 bilhões nos próximos cinco anos, crescimento de 31% em relação ao ciclo anterior.

“Acreditamos firmemente que a Petrobras possui os melhores ativos petrolíferos offshore do setor, com produtividade de poço incomparável e baixos custos de Capex e de produção. Prevemos um rendimento do FCF (fluxo de caixa livre) de 22% em 2024 e 23% em 2025, excedendo em muito o dos principais stocks de petróleo, com uma média de 7% em 2024 e 11% em 2025”, diz.

O Morgan afirma ainda que embora possa haver riscos para tão elevados geração de caixa (como fusões e aquisições e contingências fiscais, entre outras), não espera que isso comprometam materialmente o FCF ou os dividendos de uma forma que afete a atratividade dos rendimentos.

Petrobras: Governança corporativa comprometida?

O banco destaca que desde a Lava Jato, operação que desmontou esquemas de corrupção que drenaram recursos da estatal, o nível de governança corporativa da Petrobras foi elevado aos mais elevados padrões a nível mundial. Entre os fatores está a Lei das Estatais, que dificultou a nomeação de políticos para cargos técnicos nas empresas. Porém, a nomeação de Magda trouxe algumas preocupações.

Matéria da Folha de S.Paulo informou que houve uma grande restruturação do segundo escalão da estatal. Ao todo, foram trocadas 17 gerências-executivas, cargo que fica logo abaixo da diretoria e é o último degrau técnico na hierarquia da estatal. Nesse processo, assumiram quatro pessoas de fora, sendo três ligadas à FUP (Federação Única dos Petroleiros) e uma ao PT, destacou o jornal.

Para o Morgan, não haverá uma ruptura material nos padrões de governança, embora as mudanças possam eventualmente ser sinais de alerta. Mas faz um alerta: caso tais alterações materiais comecem a ocorrer, os riscos para a disciplina de capital e a criação de valor para os acionistas poderão aumentar e “levar-nos a rever a nossa posição otimista em relação aos retornos totais”.

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