Petrobras (PETR4): Jean Prates para CEO reacende temor de ingerência e pode provocar fuga de investidores, diz sócio de gestora
Passada uma semana da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possíveis candidatos para assumir ministério e estatais ganham força. Um deles é o senador petista Jean Paul Prates, nome cotado para assumir o cargo de CEO da Petrobras (PETR4). Prates foi um dos conselheiros do ex-presidente na campanha.
De acordo com Felipe Moura, sócio e analista de investimentos da Finacap, gestora com mais de 20 de estrada e com R$ 1 bilhão sob gestão, o nome terá resistência dos investidores.
“Eu vejo com certo ceticismo porque é um nome político, é um senador. O mercado espera um nome mais técnico”, discorre.
O analista lembra que desde a gestão de Michel Temer (2016-2018), a estatal contou com nomes técnicos, como Pedro Parente, Roberto Castello Branco e mesmo o general Luna e Silva, que trabalhou na usina de Itaipu.
“A indicação reacende nos investidores temores do passado de usar a estatal como capital político para financiar cargos, tudo isso acaba afugentando os investidores”, afirma.
Quem é Jean Paul Prates?
Prates exerce a função no Senado desde 2019, como suplente em exercício da titular da chapa, Fátima Bezerra.
O senador já integrou a antiga Petrobras Internacional (Braspetro), nos anos 1980, e participou da elaboração da Lei Petróleo, em 1997.
Sobre a Petrobras, o político já se declarou contrário a distribuição de dividendos. Em março, pediu explicações à estatal, que na época era presidida por Luna e Silva, após aprovar proventos.
“Essa política de distribuição de lucros, que aparenta em muito exceder a obrigação legal de distribuir 25% do lucro apurado, suscita questionamentos por parte da sociedade civil em justa cautela, sendo o povo brasileiro acionista majoritário da empresa”, disse.
À Bloomberg, o senador declarou que a atual política da Petrobras de vender ativos e distribuir dinheiro para os investidores faz com que a empresa esteja “caminhando para o precipício”, pois limita os gastos a um grupo de campos de águas profundas que em algum momento entrarão em declínio.
Em 30 anos, ele espera que a empresa invista tanto em energia limpa quanto investe em combustíveis fósseis.
Chance de ser aprovado
A indicação deve enfrentar algumas barreiras no estatuto da Petrobras, que veda a indicação de pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de partido político.
O estatuto proíbe também a indicação de dirigente estatutário de partido político e de titular de mandato no Poder Legislativo de qualquer ente federativo, ainda que licenciado, e de pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral.
Dividendos da Petrobras devem rarear
Na visão de Felipe Moura, os dividendos não devem sumir do dia para noite.
“Ainda temos um cenário muito favorável para petróleo lá fora. Teremos diminuição dos dividendos a partir do próximo ano, mas será gradual. O dinheiro que ia para o acionista vai virar capex, investimento para refinarias e energia renováveis”, completa.
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