Petrobras (PETR4): Governo “anestesiou” mercado com sucessivas trocas, avaliam gestores
Apesar de não ter sido bem recebida entre analistas e gestores, a troca da Petrobras não resultou em grande perda de valor de mercado para a estatal.
Os papéis preferenciais (PETR4) da Petrobras fecharam em queda 2,9%, enquanto as ordinárias (PETR3) caíram 2,85%.
Para efeito de comparação, quando Roberto Castello Branco foi demitido, a ação despencou mais de 21%. O papel da petroleira chegou a derreter, mas no pré-market.
Segundo analistas e gestores ouvidos pelo Money Times, o mercado, de certa forma, “se acostumou” com as trocas.
Foram três, em menos de quatro anos de gestão Bolsonaro. Porém, nada mudou, ou seja, a empresa continuou praticando a mesma política de preços e executando a mesma estratégia de desinvestimento.
“É a terceira troca. É uma empresa que entrega resultados fortes, dividendos e múltiplos baixos. A Petrobras continua sendo uma empresa para se investir no longo prazo”, diz Waldir Morgado, sócio da Nexgen Capital.
Atualmente, a Petrobras é negociada a 2,3 vezes o Ebitda estimado, menos da metade dos múltiplos de 5,4 e 5,9 das gigantes petrolíferas americanas Exxon Mobil Corp. e Chevron Corp., respectivamente, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Outro gestor coloca que o mercado parece tranquilo com a situação. “Já não é novidade”, diz.
Leandro Saliba, head de renda variável da AF Invest, lembra que qualquer mudança da Petrobras precisa passar pelos conselheiros. “É muito ruído, mas, na prática, a interferência é pequena. Segue com a política de preço”, explica.
Ele também recorda os “gordos” dividendos que a companhia tem pago, com dividend yield de mais de 11%.
O que pode acontecer, na visão dos especialistas ouvidos, é o governo aumentar o espaçamento de reajuste dos preços dos combustíveis para no mínimo 100 dias.
Projeto de privatização da Petrobras
Para eles, a possível chegada de Caio Paes de Andrade, nome ligado ao ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e, por tabela, a Paulo Guedes, indica que Jair Bolsonaro avançará com a privatização da Petrobras caso seja reeleito.
“Certamente não deve acontecer nesse ano, mas esse assunto da privatização ganhou mais importância”, destaca Morgado, da Nexgen.
Na opinião dos analistas do BTG Pedro Soares e Thiago Duarte, pensar na privatização da Petrobras não é algo que está totalmente fora da realidade. Ainda assim, eles acreditam que isso é improvável de acontecer em meio a um ano eleitoral.
As mudanças recorrentes e o ruído político ajudam a explicar por que a Petrobras não consegue reduzir seu desconto para seus pares, “mesmo após vários trimestres de resultados financeiros e operacionais positivos”, escreveram os analistas.
No início deste ano, a empresa anunciou um lucro líquido de cerca de R$ 106,7 bilhões referente ao ano de 2021, seguido por uma distribuição de dividendos sem precedentes — graças ao rali dos preços da commodity.
Com Bloomberg
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