Petrobras (PETR4) em liquidação? Ação parece barata, mas se Brasília deixar, diz Safra
Após derreter 36% desde a máxima em outubro, a ação da Petrobras (PETR3;PETR4) parece já ter precificado os riscos do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, afirma o Safra em relatório publicado nesta terça-feira (10).
Apesar disso, o banco diz que é preciso esperar os próximos passos da nova administração, que será comandada por Jean Paul Prates, nome elogiado pela experiência no setor, mas rejeitado pelas críticas à política de preços.
O Safra reiniciou a cobertura das ações com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 34, potencial de alta de 32% ante o último fechamento.
Petrobras tá barata?
De acordo com cálculos do banco, a ação negocia a 2x o valor da firma sobre resultado operacional (EV/Ebitda), desconto de 46% em relação à média de 5 anos e mais de 50% abaixo de outras empresas de petróleo.
“Mesmo considerando os resultados futuros e uso do fluxo de caixa, boa parte disso parece já estar refletido no preço atual das ações”, observa.
Por outro lado, os analistas dizem ser necessária mais clareza sobre os planos e ações da nova gestão antes de assumir uma postura mais positiva sobre a estatal.
A principal dúvida
Para o Safra, a maior dúvida é o uso futuro do caixa da Petrobras.
“Vemos um aumento no capex (investimento) como muito provável e maiores gastos podem ser direcionados para projetos de energia renovável e para aumentar a capacidade de refino”, argumenta.
O próprio Prates já defendeu a medida diversas vezes. Em uma das ocasiões, o futuro CEO disse que quer a petroleira com uma atuação mais diversificada e voltada à transição energética.
“A Petrobras é uma empresa de longo prazo. Uma empresa de longo prazo não pode só ficar tirando (petróleo do) pré-sal do fundo do mar e distribuindo dividendos, ela precisa pensar em coisas que todas as outras empresas de petróleo estão pensando”, defendeu.
Além disso, o Safra aponta que novas vendas de refinarias provavelmente serão suspensas. “Tudo isso contribuiria para deixar menos caixa disponível para pagamentos de dividendos”, completa.
Dividendos da Petrobras vão evaporar?
O banco prevê que inevitavelmente os dividendos polpudos irão secar. Com o pagamento mínimo de 25%, previsto em lei, o retorno cairia para 9% em 2023, contra 19% do projetado se a antiga administração continuasse.
Até o terceiro trimestre, a Petrobras distribuiu R$ 173,4 bilhões em dividendos, segundo dados do TradeMap, com retornos que chegaram a bater em 60%.
Política de preços
Um dos principais temores de acionistas, o Safra destaca que as manchetes recentes sobre a política de preços de combustíveis não têm sido muito precisas, “o que, a nosso ver, pode indicar que nenhuma linha de ação específica foi definida”.
Na semana passada, os papéis da petroleira dispararam após Prates negar intervenção na política de preços da companhia. Porém, o PPI (política de paridade internacional) deverá cair.
“Atualmente, é menos provável que a Petrobras seja direcionada a abastecer todo o mercado, importando produtos combustíveis e vendendo-os no mercado interno com prejuízo”, concluí.
Nesta sessão, o papel sobe 0,5%, a R$ 24.