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Petrobras (PETR4): É o fim dos dividendos extras? Empresa pode cortar proventos em até 35%

30 maio 2023, 16:00 - atualizado em 30 maio 2023, 16:00
Petrobras, dividendos
Petrobras pode assumir dividendo mínimo obrigatório delimitado por lei, sem extra, dizem analistas (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A Petrobras (PETR3;PETR4) deve anunciar uma nova política de dividendos entre julho e agosto deste ano, afirmam analistas. Os proventos têm sido alvo críticas no governo Lula (PT), que acredita que a estatal deve priorizar a alocação de capital em investimentos.

O analista da Empiricus Investimentos, Ruy Hungria, destaca que, com uma gestão mais interessada em investir em refino, renováveis, petroquímico e outros projetos, a tendência é que os dividendos caiam já em 2023 e ainda mais nos anos seguintes. Atualmente, a petroleira distribui 60% de seu lucro aos acionistas.

Em um cenário mais pessimista, a Benndorf acredita que a próxima política deve ficar próxima ao dividendo mínimo obrigatório delimitado por lei — de 25% de payout, corte de até 35% em relação ao atual.

O analista da casa, Júlio Borba, enxerga que o cenário do dividendo mínimo abre margem para a Petrobras realizar distribuições extraordinárias, conforme as perspectivas de investimentos e a demanda do governo por receita. O payout extra pode chegar a 50%, em uma visão mais otimista, segundo Borba.

Já a UBS BB espera que a estatal reduza sua política para 40% do fluxo de caixa livre (FCF). Essa estimativa levaria a um rendimento de 16% para 2023 e 13% para 2024, estimam Luiz Carvalho e a equipe do banco.

O que esperar das ações?

Os analistas afirmam que o eventual corte nos dividendos da Petrobras seria negativo para a ação, pois foram os grandes impulsionadores dos retornos nos últimos anos. Entretanto, uma piora das expectativas já está incorporada nos preços, dizem.

Hungria, da Empiricus, comenta que, “a não ser que a política de dividendos piore muito além do esperado, o mercado já reduziu bem as expectativas”.

Carvalho e os analistas do UBS BB também destacam que a ação já está descontada, já que os pares europeus negociam em torno de 12% dos rendimentos de distribuição.

Ainda vale comprar Petrobras?

O UBS BB tem recomendação de venda para as ações da Petrobras, com preço-alvo em R$ 22. Carvalho e os analistas do banco afirmam que os riscos para a tese estão atrelados, justamente, à nova política de dividendos.

Segundo eles, os papéis devem ter reações negativas a porcentagens mais baixas de payout ou menos visibilidade nos pagamentos.

A Benndorf, por sua vez, rebaixou os ativos da estatal para “neutro”, com alvo em R$ 32. O analista da casa explica que, agora que o pânico em relação à tese passou e o potencial de alta diminuiu, o risco-retorno está menos atrativo no médio prazo.

“Preferimos aguardar os próximos movimentos da nova gestão para definir se voltamos a ter um viés mais otimista com o case“, afirma Borba.

A Empiricus, por outro lado, tem recomendação de compra para Petrobras. O foco da casa é nos dividendos. “Mesmo considerando uma piora na alocação de capital e na política de dividendos, a companhia ainda deve entregar bons yields para os acionistas”, diz Hungria.

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