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Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) vão golear em dezembro? Saiba se ‘risco estatal’ empurrará ações para baixo

06 dez 2022, 12:14 - atualizado em 06 dez 2022, 19:20
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Desde 3 de outubro, as ações da Petrobras acumulam queda de 14%, enquanto Banco do Brasil computa perdas de mais de 8% (Imagem: (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Flickr)

Os riscos que chegam com o novo governo para as estatais ainda existem, mas as ações de Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) já parecem precificá-los, avaliam analistas.

A Terra Investimentos destaca que, apesar do temor do mercado de ingerência política nas empresas, ambas estão em um momento de maior estabilidade em comparação a décadas passadas.

“Isso faz com que muitos investidores enxerguem impacto limitado caso isso realmente venha a acontecer, permitindo aceitar o risco de se manter posicionado”, explicam Régis Chinchila e Luis Novaes, do time de análise da corretora, ao Money Times.

Gustavo Gomes, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero Investimentos, diz que as ações das estatais foram bastante penalizadas desde a definição das eleições gerais de 2022.

“As empresas estatais já tiveram uma grande fuga de capital devido às incertezas que essa nova política de governo vem trazendo. Além de estarmos trocando de governo, a gente está entrando em um governo que tem histórico de aumentar gasto público e, para financiar esse gasto público, eles utilizam os lucros das estatais. Isso historicamente já aconteceu”, lembra.

Vale lembrar que as ações de Petrobras e Banco do Brasil derreteram no pregão seguinte à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para seu terceiro mandato como presidente da República.

Desde 31 de outubro, as ações da Petrobras acumulam queda de 21%, enquanto Banco do Brasil computa perdas de mais de 8%.

Gomes acredita que a correção nos preços dos papéis, que sobem forte no ano, deve aumentar um pouco mais, considerando os riscos trazidos com o novo governo Lula.

O especialista da Acqua Vero destaca, no entanto, que, no preço que as ações são atualmente negociadas, os valuations parecem bastante atrativos.

Último mês

Petrobras e Banco do Brasil devem terminar o ano em alta, considerando que a maior parte da correção já aconteceu, avaliam agentes do mercado.

Chinchila e Novaes, da Terra, defendem que existem outros fatores além da questão política que influenciam mais empresas como Petrobras, que “tem mais a se beneficiar da tendência de alta do petróleo“.

Os analistas afirmam que as empresas (Petrobras e Banco do Brasil) devem terminar o ano valorizadas porque os resultados recentes têm peso maior do que as projeções sobre o futuro de longo prazo.

“Para os próximos meses, as empresas não devem se desvalorizar mais, tendo essa perspectiva de que os resultados devem se manter no curto e médio prazo”, dizem Chinchila e Novaes.

Gomes, da Acqua Vero, afirma que, embora exista espaço para correção, ele vem diminuindo, “visto que os preços dessas empresas estão em nível bastante atrativo, se comparar com pares privatizados”.

O especialista da Acqua Vero lembra que o que puxou as ações da Petrobras para cima forma a alta do petróleo e o anúncio de dividendos generosos.

“Isso fez com que a empresa tivesse um desempenho bem além, principalmente em um ano eleitoral”, reforça.

Quanto ao Banco do Brasil, o pagamento de dividendos, embora menor que o da Petrobras, veio em linha com o que a companhia vinha pagando.

“No caso de Banco do Brasil, a gente enxergou esse prêmio a mais no papel, por conta de uma penalização em 2021. Sofreu uma queda em 2021 e, agora, em 2022, vem recuperando o preço dela”, completa Gomes.

BBAS3 e PETR4 devem começar 2023 em modo de espera (Imagem: Agência Senado)

Atenção para os riscos

Os ricos ainda devem ser considerados. Analistas da Terra destacam que, caso o novo governo tome decisões que vão em desencontro à visão de manutenção do modelo atual, é natural que o mercado reaja de maneira negativa.

Chinchila e Novaes ressaltam que o modelo atual das companhias é benéfico, o que reflete nos resultados, que tendem a continuar caso não haja uma mudança brusca.

“Se o novo governo decidir fazer modificações que atendem melhor sua agenda política, que vê as estatais como um agente de desenvolvimento, os resultados devem se tornam menos atrativos e os investidores irão precificar os ativos dessa forma”, avaliam os analistas.

Para 2023, a expectativa é de que essas empresas comecem tímidas na Bolsa, com os investidores à espera dos próximos movimentos do governo.

“A gente está esperando as articulações e como vai ser a atuação do governo dentro das empresas”, comenta Gomes, da Acqua Vero.

Na avaliação do analista e co-fundador da Escola de Investimentos, Rodrigo Cohen, as ações de Petrobras e Banco do Brasil podem ser penalizadas no curto prazo.

“As ações devem começar a mudar o comportamento depois que os ministérios forem anunciados e os presidentes do corpo de liderança forem nomeados”, diz o especialista.

“Começar o ano é sempre uma incógnita. Pode começar bem, mas, depois, tem que avaliar o impacto da postura do governo em relação a essas empresas”, conclui.