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Petrobras (PETR4): ‘Dia mais importante do ano’ (e que pode afetar dividendos) se aproxima; entenda

16 nov 2023, 14:11 - atualizado em 16 nov 2023, 14:11
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Petrobras está perto de apresentar o Plano Estratégico 2024-2028 (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

Com o mês de novembro na metade, o mercado começa a se preparar para o que deve ser, segundo a Genial Investimentos, o “dia mais importante do ano” da Petrobras (PETR3;PETR4).

Trata-se da divulgação do Plano Estratégico 2024-2028 da empresa estatal, ainda em fase de elaboração, mas com previsão para sair no fim deste mês.

O ponto principal do PE 2024-2028 está justamente na expectativa do tamanho dos investimentos que a companhia deve apresentar para os próximos anos, além de onde esses recursos serão alocados.

O plano a ser divulgado é o primeiro sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que já deixou clara a sua intenção de diversificar e ampliar os investimentos da Petrobras com foco no crescente movimento de transição energética.

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O medo do mercado

A principal preocupação do mercado em relação ao novo Plano Estratégico recai sobre o potencial incremento do volume de investimentos. Afinal, aumentar o volume para a casa dos US$ 100 bilhões deve pressionar bem o fluxo de caixa da Petrobras nos próximos anos, o que reduziria o fluxo do pagamento de dividendos aos acionistas, afirma a Genial.

“De acordo com as nossas estimativas, o rendimento esperado em dividendos ficaria abaixo dos 10% – pouco interessante para um case de commodities maduro e com uma crescente percepção de risco corporativo”, avalia a corretora, em relatório divulgado na terça-feira (14).

Outro ponto levantado pela Genial é a evolução do endividamento bruto.

“Caso alcance US$ 65 bilhões, a política de dividendos passa a ser de ‘apenas’ US$ 4 bilhões/ano (R$ 1,60/ação)”, destaca o time de análise.

Em junho, o conselho de administração da Petrobras aprovou a revisão dos elementos estratégicos para o plano, bem como o direcionador de capex (investimentos) de baixo carbono para a faixa entre 6-15% do capex total nos próximos cinco anos.

Na época, a estatal disse que o capex de baixo carbono considerava projetos em energias renováveis e em descarbonização das operações.

(Fonte: Petrobras)

Possíveis cenários

Para entender as potenciais implicações do novo plano da Petrobras, a Genial realizou simulações para diferentes cenários. Nesse levantamento, com exceção dos investimentos, a corretora manteve as variáveis inalteradas.

No primeiro cenário, o cenário-base, os analistas consideram um fluxo de investimentos em linha com o atual, de aproximadamente US$ 78 bilhões, além de um guidance de produção igual ao último PE.

Pelos preços atuais, os analistas veem rendimento de fluxo de caixa livre de 18,1% para 2024. Considerando a política atual de distribuição de dividendos, o rendimento esperado para os próximos dois anos fica em 12,2-14,8%, de acordo com a corretora. A curva de preços do Brent utilizada é de US$ 85-69 o barril entre 2024-2028.

O segundo cenário, o “realista”, leva em consideração investimentos de US$ 85 bilhões. A preços atuais, a Petrobras negociaria com rendimento de fluxo de caixa livre de 16% para 2024. Considerando a atual política de distribuição de dividendos, o rendimento esperado é de 10,5% para o ano que vem.

O terceiro e último cenário, o “pessimista”, considera um fluxo de investimentos de US$ 100 bilhões. Dentro dessa dinâmica, a Petrobras negociaria com rendimento de fluxo de caixa livre de 12,8% para 2024. Também considerando a atual política de dividendos, o rendimento esperado é de 7% para o mesmo período.

Dividendos da Petrobras vão encolher

Diante da expectativa de maiores investimentos por parte da Petrobras, a Genial enfatiza que os dividendos vão ser menores daqui em diante.

A corretora reforça, no entanto, que a questão principal está no valor a ser destinado para investimentos e o destino desse dinheiro.

Os analistas lembram que o negócio de Exploração & Produção foi responsável pelos grandes resultados da companhia, e recursos aplicados fora desse segmento trouxe resultados bem negativos.

“É importante lembrar que investimentos em segmentos em que a empresa possui baixo expertise podem gerar frustrações não apenas na entrega, como também na possibilidade de explosões de orçamento – algo muito notório nas refinarias desenvolvidas no passado pela empresa, por exemplo”, acrescenta a Genial.

Caso o pior cenário se concretize, de fluxo de US$ 100 bilhões, o pagamento dos dividendos da Petrobras serão afetados de maneira negativa e deverá permanecer “em patamares inexpressivos”, de acordo com a corretora.

A Genial tem recomendação de “manter” para as ações da Petrobras. O potencial de valorização é limitado, na visão da instituição, considerando o preço-alvo de R$ 38.