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Petrobras (PETR4) deve ter nova mudança no comando até final de governo Bolsonaro?

24 maio 2022, 17:46 - atualizado em 24 maio 2022, 17:46
Petrobras
Segundo analistas, dança das cadeiras deve continuar na Petrobras (Imagem: Money Times/Petrobras)

O presidente Jair Bolsonaro anunciou mais uma mudança na chefia da Petrobras (PETR4) na última segunda-feira (23). O chefe do Poder Executivo demitiu José Mauro e convidou Caio de Andrade para presidir a estatal.

Em nota enviada ao mercado, o governo disse que a mudança acontece em meio à disparada dos preços do petróleo no mercado internacional.

Por outro lado, a agência Reuters divulgou que a mudança ocorre depois que a empresa se recusou a vender combustíveis com desconto aos consumidores, alertando que isso levaria à escassez de diesel.

De acordo com as fontes da agência de noticias, a Petrobras sinalizou o risco de desabastecimento no terceiro trimestre, quando a demanda por diesel aumenta sazonalmente no Brasil, o que teria incomodado Bolsonaro.

“Se não houver sinal de preços de mercado à frente, há risco material de desabastecimento de diesel no pico de demanda da safra, afetando o PIB do Brasil”, disse a Petrobras na apresentação intitulada “Combustíveis: desafios e soluções” e datada de maio de 2022, segundo a Reuters.

Essa é a terceira mudança no comando da empresa em meio às possíveis tentativas de Bolsonaro de segurar o preço dos combustíveis. Já passaram pela estatal durante o mandato do atual presidente Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna e agora José Mauro Ferreira Coelho.

Mas afinal, essa dança das cadeiras realmente vai acabar? Especialistas ouvidos pelo Money Times disseram que esse vaivém pode não ter fim até o final do mandato de Bolsonaro.

Para Leandro Consentino, cientista político do Insper, há uma tensão entre o que o mercado e Guedes pensam e a intenção de Bolsonaro em agradar o eleitor às vésperas da eleição.

“O Guedes é um ministro que quer manter a paridade com os preços do mercado internacional, ou seja, essa tensão entre Bolsonaro e sua equipe vai continuar e essa dança das cadeiras tende ficar viva até o final do atual governo”, diz Consentino.

O acadêmico do Insper não está sozinho em sua tese, o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Joelson Sampaio, diz que até o momento nenhuma mudança realizada por Bolsonaro surtiu efeito na política de preços da Petrobras e isso não deve mudar agora.

“O grande desafio é essa conciliação e as trocas não surtiram efeitos, por isso, futuras mudanças no comando tendem a acontecer, pois esse conflito de interesse deve continuar”, afirma Sampaio.

Em linha com as análises do especialistas, parte do mercado enxerga que Caio de Andrade é um aliado de Guedes, principalmente pelo fato dele ter saído de uma pasta do Ministério do Economista para assumir a Petrobras, o que tende a reforçar que o possível CEO vai manter a atual política de preços.

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Caio de Andrade já é o presidente da Petrobras?

Caio foi convidado e sua aprovação como presidente da companhia ainda deve ser aprovada pelo conselho de administração.

Segundo Sampaio, o nome não gradou muitos especialistas do setor, visto que Andrade é formado em comunicação social e não tem grandes experiências no setor do petróleo.

“Ele não é um especialista do segmento e obviamente ele pode sofrer essas pressões, mas acho que as chances dele não ser aprovado são muito remotas”, afirma.

Por outro lado, o cientista político do Insper, comenta que se isso acontecesse, o governo ficaria em maus lençóis e poderia perder um pouco da força de seu discurso em ano eleitoral.

“Isso seria uma derrota para o presidente da República em ano eleitoral, o que seria muito ruim e deixaria um desgaste nítido, ainda mais da forma como Bolsonaro vem tratando a Petrobras nos últimos dias com trocas intermináveis no comando”, conclui Leandro Consentino.

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(Com Reuters)