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Petrobras (PETR4): Como Bolsonaro testa influência sobre a estatal ao indicar novo CEO

24 maio 2022, 17:42 - atualizado em 24 maio 2022, 17:42
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes
Para especialista, as trocas na Petrobras são antes de tudo uma ação política (Imagem: Flickr /Júlio Nascimento/PR)

A troca de CEOs na Petrobras (PETR4), pretendida pelo governo, é uma forma de o presidente Jair Bolsonaro testar a influência do Executivo sobre a estatal e usar a empresa para discurso eleitoral, avaliam analistas políticos.

O Ministério de Minas e Energia indicou Caio de Andrade, atual secretário da Pasta da Economia – e que não tem a qualificação mínima exigida para ocupar o cargo de presidente da Petrobras, de acordo com a Lei das Estatais.

“Se a empresa seguir a legislação, vai rejeitar a nomeação”, afirma Sérgio Praça, professor e pesquisador da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “A indicação não seria necessariamente um sinal de que a política de preços vai mudar”.

Pesa a favor da manutenção da política de preços o fato de que, no ofício enviado ontem pelo Ministério de Minas e Energia ao presidente do conselho da companhia, aparece somente o pedido de destituição do atual CEO.

A União, controladora da Petrobras, pode mudar a lista de candidatos ao conselho de administração na assembleia extraordinária, deixando a composição mais favorável ao presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o jornal O Globo, o maior temor de executivos da empresa é de que o conselho de administração, sob nova composição, tente emplacar uma alteração no estatuto da empresa, em especial no artigo sobre a política de preços.

No entanto, dizem analistas, a companhia em tese ainda estaria protegida pela legislação.

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Petrobras e influências externas

O analista de política da Ohmresearch Márcio Olímpio Fernandes afirma que é “muito difícil” o governo exercer controle total sobre o preço dos combustíveis por causa da já citada Lei das Estatais e porque a alta do diesel e da gasolina está muito vinculada a fatores externos.

Ele avalia que alguns setores de dentro do governo têm a percepção de que o controle dos preços não é possível, enquanto outras frentes têm a percepção de que dá para exercer uma influência mais direta sobre a Petrobras. “A prova disso é que os presidentes da empresa têm sido substituídos”.

Para Fernandes, as trocas na Petrobras são antes de tudo uma ação política, que pode dar ao governo o discurso de que Bolsonaro e sua equipe atuaram para conter os preços dos combustíveis.

“A prioridade do Executivo é o processo eleitoral. Decisões econômicas têm que ser avaliadas, partindo do pressuposto de que estão submedidas aos imperativos políticos”.

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