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Petrobras (PETR4): Analistas elogiam plano de negócios, mas e os dividendos extraordinários de 2024?

19 nov 2024, 13:03 - atualizado em 19 nov 2024, 13:11
Petrobras
(Imagem: caio acquesta/iStock)

A Petrobras (PETR4) pegou o mercado de surpresa ao abrir parte do seu plano estratégico de 2025 a 2029 com o pregão ainda em funcionamento. Apesar disso, os números ficaram dentro do esperado, incluindo os dividendos. O papel fechou na última segunda em alta de mais de 2% e nesta terça opera em estabilidade.

De maneira geral, analistas gostaram do que viram. Para o BTG, os números reduzem os riscos e confirmam a Petrobras como uma empresa de exploração e produção de petróleo, focada em alocação racional de capital e forte comprometimento com pagamentos recorrentes de dividendos.

Apesar disso, a Genial nota que os investimentos de US$ 111 bilhões, sendo US$ 77 bilhões em exploração & produção, podem ser negativos, especialmente por (muito possivelmente) seguir considerando investimentos em aquisições e em outros segmentos pouco interessantes, como refino.

Ao todo, a companhia pretende desembolsar R$ 20 bilhões para sustentar a parte de refino, transporte, comercialização, petroquímica e fertilizantes (RTC).

“Acreditamos que o aumento do foco em aquisições (petroquímicas ou refinarias), negócio de refino e outros segmentos de negócios com histórico de execução pouco interessante. Para fins de comparação, os investimentos em RTC no PE anterior era de apenas US$ 12 bilhões”.

 

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Vem dividendo

Por outro lado, a projeção de dividendos de US$ 45 bilhões e até US$ 10 bilhões de dividendos extraordinários é positiva. Tal valor implica em pelo menos 49-60% do atual valor de mercado da empresa a serem distribuídos no formato.

Mas antes é preciso entender qual premissa de preços está sendo utilizada para esse volume estimado, que provavelmente será revelado na próxima sexta.

Na visão do BTG, dependendo de como a curva de investimento for estruturada ao longo dos próximos 5 anos, há potencial para aumento dos dividendos, o que tem sido um fator-chave para o desempenho das ações.

“Nos últimos anos, a estimativa do capex da Petrobras significou muitas vezes um cenário pessimista, uma vez que as restrições da cadeia de abastecimento em E&P (cerca de 70% do investimento total) fizeram com que a empresa errasse a estimativa futura de 1 ano em 23% nos últimos 8 anos”.

Embora espere que esta diferença diminua no futuro, ainda parece improvável, na visão dos analistas, que a Petrobras exceda a previsão de investimentos do plano de negócios.

“Assim, assumir a distribuição ordinária de dividendos de US$ 45 bilhões ao longo dos próximos 5 anos parece ser um indicador razoável para uma “previsão mínima” (implicando um DY de 10%). Se a Petrobras distribuir os US$ 10 bilhões adicionais em dividendos especiais, o DY aumentaria para 13% com base no preço atual das ações”.

E os dividendos extraordinários da Petrobras

Alguns investidores perguntaram se o silêncio da Petrobras sobre a possibilidade de dividendos extraordinários para 2024 no anúncio de hoje deveria ser visto como um sinal de aumento na retenção de lucros.

No começo do ano, essa retenção provou uma crise na estatal que resultou na queda de Jean Paul Prates.

“Achamos que não, pois esses eventos parecem não relacionados. Continuamos esperando proposta ao conselho de administração para uma distribuição especial de dividendos de US$ 4 bilhões este ano”, disse o BTG.

Já a XP nota que a Petrobras ainda pode anunciar dividendos extraordinários com base nos resultados do ano fiscal de 2024. Na opinião da corretora, há espaço para uma distribuição de até US$ 4,5 bilhões com base no balanço do terceiro trimestre de 2024  e US$ 6 bilhões se considerar os fluxos de caixa projetados até o final de 2024.

Outra possível referência para dividendos extraordinários vem do orçamento do governo para este ano.

“Em nossa opinião, a Petrobras precisaria pagar um dividendo extraordinário de cerca de US$ 3,5 bilhões em 2024 para atender às previsões de dividendos da empresa embutidas no orçamento”.

O que fazer com Petrobras?

Para a Genial, por se tratar de um case razoavelmente descontado, negociada a apenas 2,7x EV/Ebitda (valor de firma sobre resultado operacional), a empresa possui patamar que acaba por proporcionar um espaço para suportar esses incrementos no fluxo de investimentos sem que os dividendos acabem por ser impactados de maneira relevante.

O BTG também reafirmou recomendação de compra.

“A Petrobras continua sendo uma das poucas empresas que oferece forte visibilidade operacional, exposição limitada ao aumento da taxa selic, beneficia-se de um real mais fraco e pagamentos de dividendos com assimetria positiva”.

Ainda segundo os analistas,  o riscos de curto prazo mais óbvios para o cenário de investimento estão, principalmente, ligados à queda dos preços do petróleo e a uma mudança significativa no PE e na política de dividendos da empresa.

“Com o último agora parecendo menos provável, acreditamos que o primeiro já está precificado, especialmente dada a posição de destaque da Petrobras como um dos produtores mais eficientes (de menor custo) do mundo”.