Petrobras (PETR4) amplia cautela dos investidores com 4T24; e agora?
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O aumento dos investimentos da Petrobras (PETR4) ampliou a cautela do mercado com os papéis da companhia, que historicamente opera com um desconto em relação aos pares globais por conta da participação majoritária do governo na empresa.
A Petrobras divulgou um capex de US$ 5,7 bilhões no quarto trimestre, aumentando os investimentos de 2024 para US$ 16,6 bilhões, 19% acima da estimativa oficial de US$ 14 bilhões (ponto médio do intervalo).
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Analistas reconhecem que investidores têm razão para ficar mais céticos com a companhia, mas seguem recomendando a compra dos papéis, ou ao menos com uma indicação “neutra”.
A justificativa da Petrobras
A Petrobras declarou que a aceleração nos investimentos reflete principalmente sua decisão de reduzir a diferença entre progresso físico e financeiro de Búzios — o campo mais promissor da empresa — que originalmente era esperado para se materializar apenas em 2025.
De acordo com a administração, essa mudança é essencial para mitigar os riscos da cadeia de suprimentos e garantir um melhor alinhamento entre os contratados.
Analistas do BTG Pactual ponderaram que ainda não é possível confirmar se aumento do investimento reflete qualquer estouro de custos. “Pode-se argumentar que o maior capex em 2024 simplesmente levará a desembolsos menores em 2025”, disseram Luiz Carvalho e equipe.
Além disso, segundo eles, se essa decisão resultar em volumes de produção maiores e mais rápidos, o perfil altamente lucrativo de Búzios sugere que a decisão da Petrobras será positiva para o VPL (Valor Presente Líquido), gerando, em última análise, maior fluxo de caixa e dividendos no futuro previsível.
No entanto, a Petrobras não revisou sua estimativa de capex de 2025 para baixo, apesar de sua perspectiva ser baseada em uma estimativa cambial de R$/US$ 5. A empresa também não revisou suas projeções de curva de produção.
“Além disso, como não há garantia de que o descompasso físico-financeiro não aumentará novamente à medida que novos projetos avançam, acreditamos que a relutância dos investidores em pagar pelo crescimento de longo prazo combinada com a possibilidade de pagamentos menores no curto prazo, pode levá-los a exigir múltiplos mais baratos para manter as ações”, acrescentaram os analistas do BTG.
O banco, no entanto, segue recomendando a compra do papel, assim como o Bradesco BBI – que disse que o resultado “cria um ponto de atenção”.
O mercado agora ficará de olho nos níveis de capex nos próximos trimestres (que devem cair, de acordo com a administração), disse a instituição, em relatório assinado por Vicente Falanga e Ricardo França.
Petrobras em queda
Os papéis da Petrobras operam em queda nesta terça-feira (27) após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024. Por volta das 12h05, a baixa de PETR4 era de 4,40%, a R$ 36,28.
A XP Investimentos disse não acreditar que a realidade seja necessariamente tão ruim quanto a reação inicial que o mercado sugere, mas ponderou que levará alguns trimestres melhores de geração sólida de fluxo de caixa para remediar a decepção.
“Parece que o aumento repentino nos investimentos da Petrobras gerou temores de motivação política (de usar a Petrobras para acelerar artificialmente o PIB doméstico). Não acreditamos que tais temores sejam necessariamente bem fundamentados”, disse.
A Petrobras, argumenta a XP, possui um forte framework de governança para proteger a empresa contra tais conflitos de interesse. “Mas também porque faz sentido que a Petrobras atue no melhor interesse dos investidores ao antecipar as plataformas de Búzios, se viável, dado a qualidade de classe mundial do ativo e os altos retornos”.
Os números da Petrobras
O Ebitda da Petrobras ficou em US$ 10,0 bilhões, ligeiramente abaixo da estimativa do Bradesco BBI (US$ 10,6 bilhões) e do consenso do mercado, com uma diferença negativa de 8%. Além disso, o fluxo de caixa livre antes dos dividendos foi de US$ 1,6 bilhão, um rendimento de 1,8% no trimestre, muito aquém da projeção de US$ 3,0 bilhões.
Segundo o Bradesco BBI, dois fatores principais explicam essa queda na geração de caixa: um alto consumo de capital de giro, de US$ 2,7 bilhões, devido à concentração de pagamentos de impostos no trimestre, e um Capex (investimentos) de US$ 4,4 bilhões, superando a estimativa de US$ 3,5 bilhões.
A empresa reportou prejuízo líquido de R$ 17 bilhões, número abaixo da projeção de ganhos de R$ 20,9 bilhões, feita por analistas em consenso reunido pela Bloomberg.
Segundo a estatal, o resultado reflete, principalmente, o impacto da desvalorização cambial e o aumento das provisões, sem efeito caixa, nas despesas operacionais, compensados parcialmente pela redução no IR/CSLL. Desconsiderando esses eventos exclusivos, a Petrobras teria registrado o lucro de R$ 17,7 bilhões.
Em 2024, o lucro líquido da companhia recuou 70,6%, para R$ 36,6 bilhões, principalmente “por eventos exclusivos, em maior parte sem efeito no caixa da companhia”. Os números são um contraponto aos resultados de 2023, quando a companhia teve o segundo maior lucro líquido de sua história, de R$ 124,6 bilhões.