Petrobras (PETR4): Ação que brilhou no 1º semestre pode repetir a dose nos próximos meses?
A Petrobras (PETR3;PETR4) aproveita uma fase boa na Bolsa em 2023. Os papéis da estatal (ordinários e preferenciais) acumularam valorização de mais de 20% no primeiro semestre do ano, apesar dos riscos levantados por agentes do mercado envolvendo a participação do governo na empresa e da recente correção nos preços do petróleo no exterior.
O desconto no valuation explica em parte a arrancada das ações nos últimos meses. Vale lembrar que a Petrobras foi um dos ativos mais penalizados pelos investidores durante a corrida presencial do ano passado, período em que o mercado realizou uma fuga em massa de PETR3 e PETR4 por pesarem os piores cenários possíveis à medida que a possibilidade de mudança de gestão governamental se tornava mais certa.
No entanto, as últimas sinalizações do governo sugerem que o cenário mais “radical” não está se concretizando.
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Recalibrando os riscos
Anand Kishore, gestor na Daycoval Asset, diz que os investidores pesaram riscos bastante negativos para a petroleira e suas novas políticas de precificação de combustíveis (que estabelece o fim da subordinação dos valores ao preço de paridade de importação e passa a ter como referências o custo alternativo do cliente como prioridade e o valor marginal para a Petrobras) e dividendos (ainda não divulgada).
Na opinião da Daycoval, a mudança na política de preços para a gasolina e o diesel não foi 100% radical.
“Não é ideal, mas também não é péssima”, defende.
João Mamede, gestor de renda variável da AZ Quest, afirma que a mudança parece “bem razoável”.
“Essas mudanças de fato aconteceram, mas não são tão ruins para a empresa, especialmente comparadas à expectativa que se criou”, diz o especialista.
Nesse sentido, Mamede explica que, olhando para os níveis de valuation com os quais a Petrobras estava negociando e comparando a players internacionais do setor de óleo e gás, parece haver um “abismo gigantesco”.
Para Mamede, mesmo com o rali das ações, ainda existe espaço para a Petrobras continuar “performando” bem.
“Ainda está em um nível de valuation barato, especialmente comparado ao de empresas de fora”, reforça.
Para ficar de olho
Embora o mercado tenha encontrado um cenário mais “benigno” para as estatais, os riscos não estão 100% dissipados.
Kishore, da Daycoval, destaca que a Petrobras ainda precisa definir seu plano estratégico para entender a dimensão dos investimentos da petroleira.
A alocação de mais investimentos em energias renováveis pode ser um risco, segundo o gestor. Apesar de muitos investidores gostarem da estratégia, dúvidas sobre a rentabilidade dos projetos persistem.
Há também a expectativa envolvendo a nova política de dividendos da estatal. A Guide Investimentos ressalta a importância deste tópico para a tese de investimento da Petrobras, visto que quem investe na empresa está interessado em dividendos, e não em crescimento.
Mateus Haag, analista da corretora, afirma que a projeção de dividendos se torna mais relevante do que empresas em que se usa fluxo de caixa descontado como usualmente.
“Na minha visão, a nova política mínima de distribuição deve ser mais flexível tendo como referência algum parâmetro com pares internacionais. O presidente da Petrobras já comentou seu interesse em definir a nova regra”, comenta.
Kishore, gestor da Daycoval, avalia que, se o payout se mostrar menor que 50%, o papel deve sofrer pressões baixistas.
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Como se posicionar?
Para Haag, da Guide, a Petrobras parece barata, levando em consideração o valor histórico do múltiplo EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda).
Apesar disso, a instituição adverte que o Ebitda deve cair nos próximos meses/anos, seguindo a correção nos preços do barril do petróleo, além das projeções de mercado, que também preveem queda.
“Em vista do atual preço da Petrobras, julgo que atualmente as ações estão sendo bem precificadas pelo mercado. Existe um grande potencial de retorno frente aos grandes riscos”, diz o analista. A recomendação é “neutra” para as ações preferenciais, com preço-alvo de R$ 35.
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Enquanto isso, o Goldman Sachs tem recomendação de “compra” para os ADRs (American Depositary Receipts), com preço-alvo de US$ 18,10, segundo relatório divulgado no fim de junho.
Para o banco, a companhia oferece um valuation atrativo, mesmo após o rali recente, com yield de fluxo de caixa esperado de aproximadamente 15% para 2024-25. O Goldman Sachs defende que os riscos de um cenário mais pessimista levantado por alguns investidores são menores do que antes.
Apesar disso, a preferência do Goldman Sachs recai sobre a ação da petroleira júnior Prio (PRIO3).
Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, adota uma visão neutra em relação à Petrobras, considerando mais as possíveis mudanças na estratégia da empresa, com riscos de intervenção ainda pesando sobre o nome, do que a forte correção nos preços do petróleo nos últimos meses.