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Petrobras (PETR3;PETR4) vai na contramão do mundo e derrete 6,17% com falas de Bolsonaro

07 mar 2022, 17:23 - atualizado em 07 mar 2022, 19:43
Petrobras
Analistas de mercado e corretoras avaliam que a Petrobras pode não ser capaz de repassar os preço (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Enquanto as petroleiras do mundo surfam com a escalada do petróleo, que disparou após os EUA estudarem cortar a commodity da Rússia, aqui no Brasil a Petrobras derrete.

Por volta das 17h, os papéis preferenciais da companhia (PETR4) caíam 4,91%, enquanto as ações ordinárias (PETR3) exibiam queda de 6,17%.

Já o petróleo subiu para os níveis mais elevados desde 2008 nesta segunda-feira. Nos primeiros minutos da negociação, o petróleo Brent atingiu US$ 139,13, enquanto o barril negociado nos EUA bateu US$ 130,50.

Para efeito de comparação, no mundo, as principais concorrentes da estatal têm dia de ganhos. Os papéis da Chevron tinham alta de 0,35% na Bolsa de Nova York, enquanto a BP exibia elevação de 1,05%.

Outra petroleira, a Saudi Aramco, negociada na Bolsa de Valores de Riad, capital da Arábia Saudita, fechou em alta de 0,45%. A Shell disparou 7,7%. 

A queda, segundo analistas consultados pelo Money Times, ocorre após falas do presidente Jair Bolsonaro indicarem mudanças na política de preços da petroleira. 

“Tem uma ação no Supremo para fazer cumprir um dispositivo constitucional: o ICMS tem que ter um valor fixo no Brasil todo, e não um porcentual variável em cima do preço. Se o Supremo der ganho de causa – tem que dar ganho de causa, é coisa cristalina – nós resolveremos a questão do imposto do combustível”, declarou, em entrevista à Rádio Folha de Roraima.

Segundo Filipe Fradinho, analista técnico da Vitreo, sempre que algum comentário com tom de maior intervenção política aparece, acaba sendo mal visto pelo mercado.

Pedro Galdi, da Mirae Asset, lembra que, com a alta dos preços do petróleo perto de US$ 130/boe, a defasagem de preços da Petrobras aumenta acima de 30%.

“A empresa já citou que não vai reajustar preços por conta da volatilidade. Já o Congresso fica pressionado com a necessidade de aprovar alguma forma de reduzir a tributação para baixar o preço para o consumidor, já que está claro que a Petrobras não pode sofrer ingerência política. A partir daí, as incertezas se ampliam e pesam nos preços das ações da Petrobras”, argumenta.

Para Michael Viriato, professor de finanças do Insper e sócio da Casa do Investidor, as ações da Petrobras caem em um dia em que o petróleo sobe porque o mercado já entendeu que ela não vai repassar essa alta para os preços do combustível.

A preocupação já havia sido reiterada pelo UBS BB. Em relatório, o banco disse que não espera que a Petrobras aumente os preços da gasolina e do diesel no curto prazo.

O banco avalia que os preços spot ainda apresentam risco significativo e lembra que a estatal há muito afirma que não repassaria a “volatilidade de curto prazo” para o preço ao consumidor.

Para o UBS BB, dada a reação do mercado ao longo da semana passada, a incerteza nos preços ainda é alta e o cenário não está claro. O banco diz ver a curva Brent em forte backwardation (contrato futuro negociado abaixo do preço à vista).

Mesmo assim, a corretora manteve a recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 44 para as ações e a ADR a US$ 15,2, ante o patamar atual de US$ 14.

Do lado gráfico, Fradinho, da Vitreo, aponta que todas as médias apontam o preço da ação para cima.

“O ativo vem fazendo topos e fundos ascendentes e na última semana renovou máximas. A queda de hoje, do meu ponto de vista, é apenas uma correção, e o topo do canal de alta em amarelo serve agora como região de suporte para o ativo. O ativo só muda a tendência perdendo o patamar de R$ 31”, completa.