Petrobras inicia processo para desativar térmica na Bahia vista como inviável
A Petrobras (PETR4) iniciou processo junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) visando a desativação de uma termelétrica a gás e vapor na Bahia conhecida como Termocamaçari, que passou a ser vista como inviável pela empresa.
A companhia entrou com um pedido formal de revogação da autorização concedida para a usina também devido a mudanças em seus planos no setor de gás natural e geração de eletricidade.
“A estratégia da Petrobras no segmento de gás e energia está focada em atuar de forma competitiva na comercialização do gás próprio e em otimizar o portfólio termoelétrico para autoconsumo”, disse a petroleira à Reuters, por meio da assessoria de imprensa, ao ser questionada sobre o ativo.
“Em linha com esse direcionamento estratégico, foi iniciado o processo de revogação da outorga da usina termelétrica Termocamaçari.”
A usina, antes conhecida como UTE Rômulo Almeida, possui 120 megawatts em capacidade instalada, com três turbinas a gás e uma movida a vapor.
A Petrobras disse à Reuters que a usina térmica havia selado seus últimos contratos de venda da produção em um leilão de energia realizado pelo governo em 2014 e que a obrigação de suprimento decorrente desse acordo foi encerrada em dezembro de 2017.
A partir daí, “os resultados passaram a apontar a inviabilidade econômica do ativo”, afirmou a companhia.
“Desde então, a unidade está sem contrato de comercialização de energia elétrica, apesar de todos os esforços na busca de novos contratos que viabilizassem sua continuidade”, acrescentou.
No ano passado, a Petrobras chegou a cadastrar a Termocamaçari, junto com diversos outros ativos térmicos, em um leilão previsto pelo governo para contratar por 15 anos a produção de usinas a gás ou carvão, incluindo empreendimentos novos ou reformados.
Mas a licitação acabou suspensa pelo Ministério de Minas e Energia devido a incertezas relacionadas à pandemia de coronavírus. Um novo leilão nesses moldes está previsto agora para junho.
A Aneel deve avaliar na terça-feira o pedido da Petrobras para revogação da autorização da Termocamaçari, segundo a pauta da próxima reunião de diretoria do órgão regulador.
Em carta à agência, vista pela Reuters, a petroleira disse que três das quatro máquinas da usina estão com operação comercial suspensa pela Aneel desde 2019 e que uma “revisão geral” dos equipamentos “demandaria vultosos investimentos por parte da Petrobras, sem nenhuma garantia de remuneração”.
“Nesse sentido, atualmente a UTE Termocamaçari não se mostra economicamente viável no mercado de energia”, acrescentou a estatal, ao pedir a desativação.
Questionada pela Reuters, a empresa disse que ainda realizará avaliações internas sobre o futuro do ativo na Bahia.
“Em relação aos equipamentos, serão adequadamente conservados de modo a manterem sua integridade operacional, enquanto se concluem os estudos que definirão a destinação da UTE”, afirmou, em nota.
Instalada em Camaçari, a usina operou antes como UTE Rômulo de Almeida, nome de ex-deputado federal pela Bahia ligado à corrente trabalhista.
A unidade foi renomeada em meio à substituição em meados de 2019 pela Petrobras dos nomes de diversas personalidades dadas a seus empreendimentos.