Petrobras estuda com Equinor meios para escoar o gás de Pão de Açúcar
Acordo recente firmado entre Petrobras (PETR4) e Equinor terá como um dos focos projetos de infraestrutura para o escoamento do gás da importante descoberta de Pão de Açúcar, na Bacia de Campos, afirmou nesta sexta-feira a diretora-executiva de Refino e Gás Natural, Anelise Lara.
O memorando de entendimentos (MOU) foi anunciado neste mês para o desenvolvimento de negócios no setor de gás, incluindo projetos de geração termelétrica e estudos de viabilidade sobre ativos de processamento do produto e escoamento de líquidos em unidades no Rio de Janeiro.
“Pão de Açúcar é uma área em que a gente é parceiro da Equinor, área bastante relevante para a produção de gás, e o MOU assinado foca nessa questão”, afirmou Lara, ao participar de teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados da companhia no terceiro trimestre de 2019.
A norueguesa Equinor é operadora do BM-C-33, onde está Pão de Açúcar, em parceria com a espanhola Repsol (35%) e a Petrobras (30%).
Em entrevista à Reuters nesta semana, a presidente da Equinor no Brasil, Margareth Øvrum, disse que a empresa estudava infraestrutura para a importante descoberta.
Lara ressaltou ainda que “certamente as três rotas” de escoamento de gás natural que o Brasil tem –uma delas ainda em construção– “não serão suficientes” para atender novos ativos que entrarão em operação e que a empresa vê a ampliação dessa capacidade em parceria com outras empresas.
Além das atuais parceiras da Petrobras em projetos já em produção, como Shell, Repsol, Galp, a empresa tem novos projetos em desenvolvimento com outras grandes petroleiras internacionais, como BP, Equinor, Exxon e Total, ressaltou Lara.
“O desenvolvimento de nova infraestrutura vai passar por um compartilhamento de investimentos também”, frisou, apontando que há regiões “muito prolíficas para o gás” no pré-sal, tanto no sul da Bacia de Santos, quando no Sul da Bacia de Campos.
O governo federal lançou neste ano um programa chamado Novo Mercado de Gás, que visa aumentar o aproveitamento desse insumo, que atualmente é amplamente reinjetado nos poços para impulsionar a produção de petróleo. Com o plano, o governo quer reduzir os preços e fomentar a economia brasileira.
A executiva reiterou ainda a estratégia definida pela empresa para o aproveitamento do abundante gás do pré-sal, que buscará a ampliação do parque térmico.
“A gente tem hoje a possibilidade de participar de leilões… de energia nova”, disse Lara.
As ações da Petrobras subiam mais de 4% no início da tarde, para 29,49 reais, nas máximas do ano, após a empresa reportar na véspera lucro líquido de 9,09 bilhões de reais no terceiro trimestre, alta de 36,8% ante o mesmo período do ano passado, apesar de uma queda nos preços do petróleo.
Custo de extração
Em meio ao importante desenvolvimento do pré-sal, o diretor-executivo de Exploração e Produção, Carlos Alberto Pereira, afirmou que o custo de extração na importante região no quarto trimestre deverá ficar entre 5 e 6 dólares por barril de óleo equivalente (boe).
O indicador no pré-sal atingiu os 5 dólares no terceiro trimestre, contra 6 dólares no segundo, diante de um aumento importante da produção, que atingiu recorde mensal de 2,3 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) em setembro e recorde diário de 2,5 boe/d em 7 de setembro –os volumes incluem extração da empresa e parceiros.
Um custo levemente mais alto, segundo Pereira, poderá ocorrer nos três últimos meses do ano devido a intervenções necessárias em poços do pré-sal, mas ele não ofereceu detalhes.
Por outro lado, o executivo ressaltou que está prevista a entrada em operação da plataforma P-68, em Berbigão, ainda neste ano. A unidade está em fase final de ancoragem.
O executivo destacou que todos os poços que entrarão em produção neste ano já estão prontos, construídos e completados.
“Nesse terceiro trimestre, colocamos em produção mais nove poços produtores e temos a previsão de mais sete poços produtores até o fim do ano”, declarou.