Petrobras eleva gasolina em 10% nas refinarias, na 2ª alta de maio
A Petrobras (PETR4) elevará o preço médio da gasolina nas refinarias em 10% a partir de quinta-feira e manterá o valor do diesel, confirmou a petroleira estatal nesta quarta-feira após ser consultada.
É o segundo aumento no combustível fóssil realizado pela companhia neste mês, na esteira de uma recuperação recente dos preços do petróleo.
Em 7 de maio, a empresa havia elevado em 12% o preço da gasolina vendida às distribuidoras.
O repasse de ajustes em valores da gasolina cobrados nas refinarias aos consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de etanol anidro.
Em contrapartida, a Petrobras manteve o preço do diesel, o combustível mais consumido no país. No caso desse produto, a queda acumulada nas refinarias no ano é de 44%.
Paridade de compra
Apesar do reajuste, o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva, afirmou que a gasolina da petroleira permanece com defasagem em relação ao valor internacional.
Segundo ele, o aumento foi de 0,1097 real por litro, quando teria de ser de pelo menos 0,20 real por litro para que estivesse em linha com o mercado internacional.
“Ou seja, a conta para a importação de gasolina continua muito complexa e o setor sucroalcooleiro pode continuar reclamando”, afirmou o especialista.
O recuo dos preços da gasolina neste ano reduziu a competitividade do etanol hidratado, seu concorrente nas bombas.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro barrou um pedido do segmento sucroenergético para um aumento da Cide no combustível fóssil.
A política de preços da Petrobras busca seguir valores de paridade de importação, que leva em conta preços no mercado internacional mais os custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio.
No entanto, a empresa tem evitado repassar volatilidade ao mercado interno.
Em relatório a clientes nesta quarta-feira, o banco UBS alertou para o risco de ingerências políticas na estratégia de preços da Petrobras, após o presidente Jair Bolsonaro ter comentado publicamente sobre a última alta anunciada na gasolina.
“Já vimos comentários semelhantes e os investidores sabem o custo que isso pode causar à empresa”, disse o relatório do UBS, referindo-se a governos anteriores, que fizeram a Petrobras subsidiar gasolina, causando bilhões de dólares de prejuízos à estatal.
No entanto, o UBS ressaltou acreditar “que a administração da Petrobras tem feito um excelente trabalho mantendo os preços domésticos de combustíveis alinhados com a paridade internacional na maioria das vezes”.
Antes do reajuste anunciado nesta quarta-feira, o UBS calculava uma defasagem de 14% para gasolina.
O repasse de ajustes em valores da gasolina cobrados nas refinarias aos consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de etanol anidro.