Petrobras cede e corta diesel em 10% por 15 dias
A Petrobras (PETR3; PETR4) irá cortar o diesel em 10% por 15 dias, o que representa uma média de R$ 0,23 o litro, disse o presidente da estatal, Pedro Parente, em uma entrevista coletiva, no Rio de Janeiro, hoje. Com isso, o preço médio de venda da Petrobras nas refinarias e terminais sem tributos será de R$ 2,1016 por litro a partir de amanhã. A ideia é não prorrogar este prazo.
Os papéis da Petrobras (PBR) negociados em Nova York, que representam as ações ordinárias (PETR3), caem 9,3% nas negociações do after-market após terem recuado 3,76% no pregão regular.
O anúncio vem em meio ao aumento da crise criada com os protestos contra o aumento do preço dos combustíveis. Esta decisão, explica o executivo, não representa uma mudança na política de preços da Petrobras, que será retomada após este período.
“A diretoria executiva entendeu que a empresa deveria dar uma contribuição para a construção de um ambiente de trégua e decidiu reduzir o preço do diesel nas refinarias em 10% por 15 dias”, disse Parente. Segundo ele, o governo não participou da construção desta saída.
“Não vejo que a nossa independência ou autonomia tenha sido arranhada. Foi uma decisão unânime da diretoria da Petrobras”, afirmou Parente. Ele ainda ressaltou que o momento do Brasil precisa de um momento sem dogmas para abrir um diálogo construtivo.
Em comunicado, a estatal disse que a medida é de caráter excepcional e visa dar espaço ao governo e aos representantes dos caminhoneiros para encontrar uma solução que tenha impacto definitivo nos preços do diesel
comercializados no Brasil.
“Na visão da Petrobras, esta negociação passa necessariamente pela discussão de reduções da carga tributária federal e estadual incidente sobre este produto, uma vez que representam a maior parcela na formação dos preços do combustível”, diz a nota.
Impacto financeiro
A Petrobras estima que a medida levará a uma redução de receita de R$ 350 milhões nos 15 dias. Considerando impostos e outras despesas que incidiriam nesse valor, o impacto no caixa da empresa é calculado em aproximadamente R$100 milhões. Como a decisão é exclusivamente da diretoria da empresa, essa perda não é reembolsada pelo governo federal.
De acordo com Pedro Parente, a medida se justifica ainda porque a continuidade da paralisação poderia gerar outras perdas à Petrobras, já que o funcionamento das refinarias também depende do transporte rodoviário. “As nossas operações também são prejudicadas. Então faz sentido buscar a adoção dessa medida tendo em vista inclusive a garantia de normalização do funcionamento de todas as empresas do Brasil, inclusive da Petrobras”.
A diretoria da estatal avaliou que, num caso extremo em que a paralisação persistisse e a produção nas refinarias fosse totalmente interrompida, o faturamento poderia cair em torno de R$ 90 milhões por dia. “A ideia é evitar impactos negativos tanto para a população como para as operações da nossa própria empresa. É uma medida de caráter excepcional. Não representa uma mudança na política de preços da Petrobras”, acrescentou Parente.