Retrospectiva 2023

PETR4, PRIO3, RRRP3, RECV3 ou ENAT3? Petroleira ganha pontos com mercado e dispara 50% em 2023; o que fazer com as ações?

27 dez 2023, 13:30 - atualizado em 27 dez 2023, 13:30
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Petrobras tem a maior valorização entre as petroleiras da Bolsa em 2023 (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

As petroleiras estão perto de se despedir de 2023, um ano bastante volátil para os preços do petróleo, mas positivo para a maioria das ações.

Com exceção de 3R Petroleum (RRRP3) e PetroReconcavo (RECV3), que devem fechar em queda na Bolsa, as empresas de óleo e gás caminham para entregar bons retornos aos acionistas.

É o caso da Enauta (ENAT3), que acumula um salto de 51,6% no ano. A Prio (PRIO3), apesar de não liderar o ranking de valorizações, sobe pouco mais que 20% em 2023.

A grande vencedora, no entanto, é a Petrobras (PETR3;PETR4). Enquanto as ações ordinárias da gigante estatal subiram 39,8% até agora, os papéis do tipo preferencial dispararam 52,3%.

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PETR4 vitoriosa mesmo com “risco estatal”

A companhia conseguiu superar a aversão a risco inicial que veio em meio a preocupações com as mudanças em suas políticas de precificação de combustíveis e dividendos no primeiro ano do governo Lula 3.

No fim, as mudanças vieram melhores que o impacto esperado pelo mercado, especialmente no que diz respeito à remuneração aos acionistas.

A política revisada da Petrobras passa a considerar distribuição de 45% do seu fluxo livre de caixa em dividendos, ante pagamento de 60%. Ainda, foi mantida a distribuição trimestral de remuneração e, em casos excecionais, a companhia poderá realizar a distribuição de remuneração extraordinária aos acionistas, superando o dividendo mínimo obrigatório e/ou os valores estabelecidos pela nova política.

Para base de comparação, analistas avaliavam um pagamento de 40% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos. O Goldman Sachs destacou em relatório de julho que os 40% equivalem ao que os pares internacionais pagam.

Além das políticas de preços de combustíveis e dividendos, o mercado aguardou ansiosamente a divulgação do Plano Estratégico (PE) 2024-2028 da Petrobras.

O novo plano tem previsão de US$ 102 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos. O capex previsto supera em 31% o valor estimado no plano passado devido a novos projetos, incluindo potenciais aquisições, e a ativos que estavam na fila de desinvestimentos e voltaram para a carteira de investimentos.

A Genial Investimentos teve uma leitura negativa do PE em termos fundamentais, mas destacou que não veio “nem de longe tão ruim quanto poderia ser”.

Um ponto positivo mencionado pela corretora é a estimativa de distribuição de US$ 40-45 bilhões em dividendos regulares e US$ 5-10 bilhões extraordinários.

“Se considerarmos o range proposto no planejamento, a empresa deve distribuir entre R$ 200-275 bilhões nos próximos cinco anos (41-57% do atual valor de mercado atual da empresa), número interessante, mas não suficiente para que a notícia signifique um gatilho de valor para as ações da empresa (~11% rendimento médio ao ano é bom, mas nada espetacular)”, afirmou a instituição.

Petróleo tropeça; risco para as ações?

Contrariando as expectativas, o petróleo engatou recentemente uma forte correção que derrubou seus preços do patamar dos US$ 90-95 o barril para os atuais US$ 80 (Brent).

A queda nos preços do petróleo foi alimentada por preocupações com um persistente excesso de oferta, mesmo após cortes de produção realizados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, que formam a Opep+.

Riscos de desaceleração das duas principais potências mundiais, Estados Unidos e China, também levaram os preços da commodity para baixo.

Porém, as últimas sinalizações do Federal Reserve (Fed), de um potencial início de corte de juros americanos em 2024, têm levantado o ânimo do mercado aos poucos.

O Goldman Sachs avalia que o cenário esperado para 2024 é construtivo, sob expectativa de um mercado mais apertado devido a cortes estendidos pela Opep+ e um “sólido crescimento” da demanda.

As projeções do banco sugerem que o barril do Brent deve ficar em US$ 92 em 2024.

O Goldman Sachs tem atualmente recomendação de compra para as ações da Petrobras, com preço-alvo em 12 meses de R$ 41 para as preferenciais.

Já a Genial indica manter o papel e tem um preço-alvo de R$ 35, o que implica em potencial de queda, considerando a cotação atual.