PETR4, ELET3 e BBAS3: Está na hora de investir nas ações, apesar do ‘risco estatal’?
O mercado pode esperar, no mínimo, um cenário de elevada volatilidade para as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) no curto prazo.
Anunciada no início da semana a troca de presidente, a estatal inicia mais um capítulo conturbado em sua governança corporativa.
É a terceira mudança no comando comunicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) do governo de Jair Bolsonaro, menos de dois meses após a nomeação de José Mauro Coelho para o cargo de presidente.
Para substituir José Mauro Coelho, colocado de escanteio devido à insatisfação por parte do governo com a escalada dos preços dos combustíveis, a pasta indicou Caio Paes de Andrade, atual secretário de desburocratização do Ministério da Economia.
Segundo Fernanda Cunha, analista de renda variável da AZ Quest, a volatilidade deve seguir a Petrobras se a demissão de José Mauro Coelho passar na assembleia de acionistas, uma vez que haveria a destituição dos membros do conselho eleitos por voto múltiplo.
Uma boa parcela do mercado está cética com a aprovação de Caio de Andrade para a presidência da estatal, uma vez que ele não tem experiência na área de atuação da companhia.
Apesar disso, preocupações, especialmente relacionadas a uma possível interferência política, ainda pairam sobre a cabeça dos investidores e levantam dúvidas sobre ter ou não a ação na carteira.
Qual é o tamanho do “risco estatal”?
É verdade que investir em empresas públicas embute o “risco estatal“. Em período de eleições, por exemplo, as ações acabam sofrendo pressão adicional pelas incertezas sobre a maneira como o próximo governo tocará as operações desses ativos.
Porém, especialistas parecem priorizar cada vez mais os fundamentos de uma companhia não privada. No caso da Petrobras, alguns pontos corroboram para uma perspectiva positiva sobre as ações.
Segundo Pedro Scaramussa, especialista da Valor Investimentos, um tópico a ser levado em consideração na hora de analisar a empresa é o movimento no mercado de petróleo.
Scaramussa diz que, sob o aspecto da commodity, ter a ação da Petrobras na carteira é um bom negócio.
“Temos uma visão estrutural bem altista para o mercado de petróleo. No mundo afora, vemos análises bem construtivas para o setor”, afirma.
Scaramusa destaca que o setor vem apresentando déficit de investimento ao longo dos últimos anos. Isso coloca pressão na demanda e, por consequência, eleva os preços do produto.
Outro ponto a favor é o fato de o papel estar barato. O especialista reconhece que a gestão interna pesa na hora do investimento, mas acha que a estatal é negociada com um bom desconto.
Uma estatal ser negociada com múltiplos mais baixos que os pares privados não surpreende. Pelo risco estatal, as ações costumam ter esse gap. O que torna a tese da Petrobras atrativa é que a ação está uma verdadeira pechincha.
A AZ Quest vê o papel muito descontado em relação aos pares, embutindo um “prêmio de risco altíssimo”, o que não se justifica no cenário atual.
“Se você olhar o múltiplo com que a Petrobras negocia, ela é muito mais descontada do que no início da década passada, quando a empresa apresentou um custo de oportunidade alto segurando preço de combustível e importava combustível com prejuízo”, diz Cunha.
A especialista destaca que, nos últimos seis anos, a governança da estatal apresentou melhorias consideráveis.
“Hoje, vemos a empresa mais protegida contra interferências na política de preços”, diz. A AZ Quest vê alto potencial de valorização para os papéis da empresa, com boa margem de segurança.
E Eletrobras e Banco do Brasil?
Em relação a outras duas estatais conhecidas, Eletrobras (ELET3;ELET6) e Banco do Brasil (BBAS3), a analista da AZ Quest enxerga as ações bastante atrativas em relação ao seus respectivos potenciais.
Sobre a Eletrobras, Scaramussa, da Valor Investimentos, chama atenção para o processo de capitalização.
Na noite desta quinta-feira (26), a companhia elétrica divulgou o prospecto preliminar da oferta de ações que levará à sua privatização.
Serão inicialmente emitidas 697,7 milhões de ações ordinárias da empresa no Brasil e nos Estados Unidos, com a oferta primária consistindo em 627,7 milhões de papéis na forma de ações ou ADSs (American Depositary Shares) negociadas em Nova York.
Na oferta secundária, serão vendidas pela União 69,8 milhões de ações ordinárias, diluindo o controle da empresa.
O especialista da Valor Investimentos menciona a melhora da visão do mercado em relação à governança da Eletrobras, além do bom desempenho que vem reportando nos resultados trimestrais. Isso já vem sendo demonstrado na performance das ações, que subiram mais de 30% no acumulado do ano.
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