Banco Central

Pessoas físicas puxam retomada do crédito em outubro

24 nov 2017, 19:19 - atualizado em 24 nov 2017, 19:19

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

As pessoas físicas estão puxando a recuperação do crédito, como mostram os dados do Banco Central (BC). O saldo total das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3,052 trilhões em outubro, com alta de 0,1% no mês e queda de 1,4% em doze meses, resultado melhor que o de setembro, que havia ficado estável no mês e caído 2% sobre o mesmo mês de 2016.  A melhora veio principalmente das operações com pessoas físicas, que fecharam outubro com um saldo de R$1,627 trilhão, um crescimento de 0,7% no mês e de 5,6% em 12 meses). Já com as empresas, o saldo de R$ 1,425 trilhão representou queda de 0,5% no mês e de 8,3% em 12 meses, indicando que a retomada da atividade ainda está fraca. , nos mesmos períodos. A relação crédito/PIB alcançou 46,9%, ante 47% em setembro e 49,9% em outubro de 2016.

Crédito às famílias aumenta

A carteira com recursos livres, aqueles sem destinação obrigatória, como crédito pessoal ou cheque especial, totalizou R$ 1,537 trilhão em outubro, 0,5% mais no mês e 0,4% de queda em doze meses. Em outubro, o crédito às famílias aumentou 1,1%, para R$ 837 bilhões, com destaque para cartão de crédito à vista (+2,8%) e consignado (+0,6%). Em sentido inverso, a carteira das pessoas jurídicas registrou declínio de 0,3%, totalizando R$ 700 bilhões, com reduções de 6,1% em desconto de duplicatas e recebíveis e 0,6% no capital de giro.

Queda nos direcionados puxada pelo BNDES

Os financiamentos com recursos direcionados atingiram saldo de R$ 1,515 trilhão, com declínios de 0,2% no mês e 2,3% em doze meses. No segmento de pessoas jurídicas, com saldo de R$ 726 bilhões (-0,7% no mês), registraram-se reduções em todas as modalidades, com destaque para a continuidade da retração nos financiamentos para investimentos do BNDES. Já a carteira das pessoas físicas aumentou 0,3%, para R$ 790 bilhões, refletindo as expansões de 0,2% e 0,7% nas carteiras imobiliária e rural, respectivamente, diz o BC.

Retração em todos os setores

Na segmentação segundo os setores de atividade econômica, ocorreu redução geral da carteira de crédito: agropecuária (-1,3%), indústria (-1%) e serviços (-0,1%) – destacando-se apenas o crescimento em serviços relacionados à administração pública (+1,3%). Quanto ao crédito regional, que inclui operações com pessoas físicas e jurídicas, destacaram-se crescimentos nas regiões Sul e Centro-Oeste (+0,9%, R$ 554 bilhões; +0,6%, R$ 335 bilhões). Em sentido inverso, redução nas carteiras do Sudeste e Nordeste (-0,1%, R$ 1,605 trilhão; -0,3%, R$ 396 bilhões).

Taxas de juros em queda sobre o ano passado

Em outubro, o custo médio das operações de crédito ativas, estimado pelo Indicador de Custo do Crédito (ICC), manteve-se estável em 21,8% ao ano, uma queda de -1,4 ponto percentual em 12 meses). Tanto no segmento de crédito livre quanto no direcionado, o indicador também apresentou estabilidade, situando-se em 35,9% a.a. e 8,9% a.a. respectivamente.

Juros crédito livre caíram 6 pontos em 12 meses

A taxa média de juros das operações de crédito do sistema financeiro, consideradas as contratações com recursos livres e direcionados, alcançou 27,4% a.a. em outubro, aumentando 0,4 ponto no mês e recuando -6,0 ponto em 12 meses. No crédito livre, o custo médio atingiu 43,6% a.a. (+0,3 ponto no mês e -10,6 ponto em 12 meses), enquanto no direcionado, situou-se em 9,8% a.a., após variações de +0,5 p.p. e -1,1 p.p., nos mesmos períodos.

Pessoas físicas, alta no mês com cheque especial e crédito pessoal

Nas operações com pessoas físicas, a taxa média alcançou 34,2% a.a., após elevação de 0,3 ponto no mês e queda de -8,9 em 12 meses). Nas contratações com recursos livres, o indicador alcançou 59,5% a.a. (+0,3 p.p. no mês), refletindo aumentos em cartão rotativo não regular: +14,4 ponto; cheque especial: +2,4 ponto; e crédito pessoal não consignado: +4,7 ponto percentual. No crédito direcionado, o custo médio às famílias situou-se em 8,5% a.a. (+0,1 p.p.).

Empresas, queda de 3,6% em 12 meses

Nos empréstimos às empresas, a taxa média de juros situou-se em 18% a.a. (+0,5 p.p. no mês e -3,6 p.p. em doze meses). Na carteira livre, a taxa alcançou 23,3% a.a, +0,1 p.p. no mês (antecipações faturas de cartão: +4,1 p.p., cartão rotativo: +13,9 p.p.). No crédito direcionado, o custo médio alcançou 11,7% a.a. (+1 p.p.), com elevação de 1,3 p.p. em financiamentos para investimentos do BNDES.

Spread bancário sobe no mês e cai em 12 meses

O spread bancário referente às contratações com recursos livres e direcionados aumentou 0,5 ponto percentual no mês, para 20,7 ponto em outubro (ante 24,0 ponto em outubro de 2016). Os indicadores relativos aos segmentos de pessoas jurídicas e físicas aumentaram 0,5 ponto e 0,4 ponto no mês, respectivamente, para 11 ponto e 27,6 ponto (recuos de 1,2 p.p. e 6,1 p.p. em doze meses). No crédito livre, o spread aumentou 0,3 ponto percentual,  para 35,4 pontos, enquanto no direcionado, a elevação foi de 0,6 ponto para 4,6 ponto.

Inadimplência fica estável

A taxa de inadimplência da carteira de crédito do sistema financeiro, referente a atrasos superiores a noventa dias, alcançou 3,6%, revelando estabilidade em outubro e redução de 0,3 p.p. no período de doze meses. No segmento de famílias, o nível de atrasos manteve-se em 3,9%, pelo quarto mês consecutivo, enquanto no de empresas, aumento de 0,1 p.p., para 3,4% em outubro.

pavini@moneytimes.com.br