Ibovespa desaba 4% com especulações sobre Guedes; agentes sugerem carteiras defensivas
O principal índice da bolsa brasileira afundava nesta sexta-feira, com o pessimismo com o quadro macroeconômico evoluindo para especulações sobre demissão do ministro da Economia, Paulo Guedes, e especialistas passando a sugerir que investidores busquem papéis de empresas experientes em superar crise.
Às 12:33, o Ibovespa mostrava baixa de 4,2%, aos 103.227,02 pontos, em novas mínimas desde novembro passado.
Segundo o G1, o presidente Jair Bolsonaro autorizou sondagem de um nome para substituir Guedes, mesmo após ter reafirmado na véspera que manterá o atual ministro no cargo.
Guedes cancelou participação em evento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) nesta sexta-feira, alegando despachos internos.
Simultaneamente, várias casas de análise pioravam suas perspectivas para crescimento econômico, inflação, juros e dívida pública para 2021, incluindo Morgan Stanley, Credit Suisse e UBS.
Em relatório a clientes, a Levante Investimentos recomendou “monitorar ações de empresas sólidas, rentáveis e com ‘track record’ comprovado de superação de momentos de crise”, indicando evitar ações de estatais e das ligadas ao consumo doméstico.
Nesse cenário, ações ligadas a exportações de commodities, como Vale e Suzano, se isolavam entre as altas da sessão.
Na outra ponta, papéis de empresas baseadas em expansão acelerada voltavam a ser as líderes de perdas, como de bancos digitais e companhias de comércio eletrônico.
Destaques
Getnet (GETT11) desabava 22,4% com a empresa de pagamentos do Santander (BSBR) na terceira sessão seguida no vermelho, o que esvaziava os fortes ganhos após sua estreia na segunda-feira.
Banco Inter (BIDI3) despencava 12,4%, Banco Pan (BPAN4) perdia 8,9%, com os bancos digitais saindo do radar dos investidores num cenário de juros em elevação, justo no momento em que ampliavam apostas no crédito.
Soma (SOMA3) devolvia 10,4%, Americanas (AMER3) declinava 9,3% e Lojas Renner (LREN3) perdia 8,9%, diante da rápida deterioração das expectativas para o cenário das empresas ligadas ao consumo doméstico.
Eletrobras (ELET3) era depreciada em 6,8%, Petrobras (PETR3) ruía 5,1%, na esteira de temores de que estatais sejam também envolvidas pelo governo em medidas populistas durante o ano eleitoral de 2022.
Suzano (SUZB3) disparava 8,4%, estendendo ganhos da véspera, quando anunciou plano de antecipar meta de remover 40 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, de 2030 para 2025.
No setor, Klabin (KLBN3) ganhava 6,5%, após o Bank of America reforçar recomendação de compra para a ação.
Vale (VALE3) subia 1,4%, mesmo em dia de queda dos preços do minério de ferro, uma vez que o pagamento de um cupom de dívida da incorporadora Evergrande (EGRNF) amenizou temores de crise no setor imobiliário chinês, principal mercado da companhia.
No setor, Gerdau (GGBR4; GGBR3) tinha baixa de 0,45%, Usiminas (USIM3) perdia 1,8% e CSN (CSNA3) caía 1,3%.