Pesquisadores do BIS defendem CBDCs para melhorar pagamentos internacionais
Na semana passada, um grupo de pesquisadores convidados pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) publicou um documento que explora as consequências de moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs) e como as diversas abordagens dessas aplicações tecnológicas emergentes poderiam melhorar as condições para pagamentos internacionais.
Para fins de contextualização, o documento foi apresentado à medida que a maioria dos bancos centrais demonstram uma postura focada em pesquisa e desenvolvimento (P&D) quando se trata de CBDCs.
Além disso, testes mais abrangentes na China e o lançamento do chamado Sand Dollar, nas Bahamas, em outubro de 2020, são sinais de que essas iniciativas têm a tendência de continuar a crescer em número.
O documento – intitulado “Planos multiCBDCs e o futuro de pagamentos internacionais” – se aprofunda nos detalhes tortuosos de como os sistemas de CBDC, especialmente aqueles que envolvem diversas moedas dentro de uma única estrutura, poderiam facilitar alguns dos problemas de longa data dos pagamentos internacionais, incluindo regulamentações antilavagem de dinheiro e de identificação de clientes (AML/KYC), tempo lento de processamento e tecnologia ultrapassada.
Os autores do documento posicionam essas abordagens contra o surgimento de stablecoins – moedas digitais privadas lastreadas em moedas fiduciárias, como o dólar americano –, afirmando que “planos multiCBDCs são preferíveis para propostas que envolvem a criação de uma stablecoin global do setor privado.
Ao invés disso, esses planos têm a intenção de abrigar uma diversidade de moedas nacionais conversíveis e fortalecer a soberania monetária na era digital”.
Segundo os autores do comunicado, para que quaisquer benefícios de um sistema CBDC multimoedas sejam realizados, bancos centrais precisarão colaborar entre si.
Mais uma vez, tal colaboração se encontra em um contexto de competição com stablecoins. Os autores apontam:
Coordenar o quanto antes e de modo aberto pode ajudar os bancos centrais a identificar barreiras não intencionais. Isso ajudará na eficiência. Ainda, para os bancos centrais que desejam evitar competição de stablecoins mundiais, é uma questão de segurança. Uma maneira positiva de prevenir o uso em larga escala de moedas privadas globais é fomentar um modo eficiente e conveniente de converter moedas.
“Uma CBDC, compatível com outras e beneficiada por um mercado diverso e competitivo de serviços, seria um verdadeiro bem público. Para que isso seja alcançado, os bancos centrais precisarão colaborar”, finaliza o documento.