Dólar

Sidnei Nehme: Pesquisa desaponta mercado e dólar tem potencial de alta menor

11 set 2018, 12:45 - atualizado em 11 set 2018, 13:51

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

Embora possa se considerar que os resultados das pesquisas mais efetivos serão possíveis somente a partir da retirada definitiva do ex-Presidente Lula e sua substituição por Haddad como candidato do PT, e, se observe muitas análises com viés ideológico, o mercado financeiro certamente, em princípio, deve reagir negativamente aos indicadores das pesquisas, de vez que não sinaliza viabilidade de candidatos reformistas, mas sim populistas.

Como bem o disse um dos candidatos mais lúcidos, todas as soluções mirabolantes que vem sendo prognosticadas passam pela necessidade absoluta de solução para o déficit fiscal assombroso do país, e os propagadores de programas mirabolantes não sinalizam como ocorrerá a origem dos recursos.

O foco central do comportamento dos vários segmentos deverá estar centrado no ambiente interno, neste momento o mais importante e relevante, e é muito provável que tenhamos pressão de alta residual no preço do dólar, sem muito potencial, já que já está em patamar muito especulado e com sustentabilidade bastante fragilizada, pois notoriamente o país não tem risco cambial, mas a Bovespa pode expressar o desapontamento com maior intensidade.

A reação imediata é psicológica, para depois ajustar-se.

Houvesse uma sinalização favorável ao mercado e certamente o preço da moeda americana consolidaria o viés tendente a depreciação, já que a especulação sobre a formação do preço imiscuída no volume de operações diárias está muito perceptível e já dava sinais de fragilização.

Da mesma forma a Bovespa sancionaria movimento de consistência de recuperação, tendo em vista que ficaria presente a perspectiva de melhor possibilidade de superação da crise econômica que o país enfrenta com a possibilidade de um Presidente reformista, uma vez que do ponto de vista cambial os investidores têm seus capitais protegidos por “hedge” o que lhes proporciona tranquilidade.

Não houve até então movimento de fuga de capitais do mercado financeiro brasileiro, dada a solidez do ambiente cambial, e a saída mais acentuada ocorreu das aplicações em carteiras de renda fixa, em razão direta da perspectiva de que o FED americano aumentará a taxa de juro americana e, no confronto de riscos e rentabilidade, retornar aos Estados Unidos é seguramente mais atrativo.

No mercado cambial é previsível o aumento da volatilidade dada a presença acentuada do especulador que está sempre atento aos momentos de incertezas, e este é o tipo de ocorrência em que a intervenção do Banco Central do Brasil certamente revelaria baixa eficácia, razão pela qual entendemos que não deva fazê-lo.

Se tentar intervir acabará intensificando a que interessa ao especulador, e, ao mesmo dará a impressão de que está sancionando uma pressão de demanda que na realidade pode não estar existindo, até porque deve ocorrer uma retração no volume de recursos direcionados a Bovespa.

Como temos destacado entendemos que o Banco Central do Brasil precisa melhorar muito a sua comunicação com o mercado, pois destacando os méritos do ambiente cambial, sem riscos de crise e muito sólido, pode ser mais eficaz do que optar por demonstrar força com intervenções que podem estimular e dar sustentabilidade ao movimento especulativo.

É importante ter em mente que seja qual for o Presidente eleito, não há como a situação cambial do país se deteriorar a ponto de termos uma crise, os problemas notórios e que tem urgência de serem focados com seriedade são outros e soberbamente conhecidos.

Chega a surpreender que a despeito da confortável situação cambial do país, que lhes dá tranquilidade ainda mais quando estão protegidos por “hedge”, havendo problemas relevantes na área econômica, passando por severa crise fiscal, desemprego, queda de renda, etc… os investidores estrangeiros, em especial na Bovespa, não tenham se retirado face a postura defensiva, que seria natural e previdente, certamente com a convicção de que o país venha a escolher um Presidente reformista.

Contudo, se as pesquisas acentuarem de forma crível a tendência de vitória de Presidente populista, acreditamos que poderá ocorrer saída mais intensa da Bovespa, visto que as perspectivas em relação ao mercado acionário passam necessariamente pelo desempenho positivo da economia.

Este ambiente de incertezas e dúvidas decorrentes dos acirramentos era previsível, mas certamente o mercado tinha expectativa de melhor desempenho de candidatos reformistas.

É importante nesta fase a análise do fluxo cambial semanal, provavelmente o de amanhã ainda não será o de melhor leitura, mas o do dia 19 certamente permitirá a visualização de eventual recuo dos ingressos e/ou intensificação de saídas.

Todavia, não acreditamos que o preço do dólar, face à situação efetivamente confortável que o país dispõe neste segmento, esteja ao final do ano em patamar superior a R$ 3,80.

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