Mercados

Peso no mercado paralelo se distancia de taxa oficial após Macri impor controles de capital

03 set 2019, 14:58 - atualizado em 03 set 2019, 14:58
Peso
No centro de Buenos Aires, vendedores ambulantes conhecidos como “arbolitos” costumam gritar “cambio”, oferecendo câmbio aos pedestres (Imagem: Reuters)

O peso argentino negociado no mercado paralelo está se distanciando da taxa oficial à vista, com a diferença já sendo a maior desde 2015, com agitações políticas e controles cambiais assustando os investidores sobre o valor real da moeda.

O peso –que entrou em colapso desde que as surpreendentes eleições primárias em agosto golpearam o presidente Mauricio Macri– subiu nas negociações oficiais na segunda-feira, depois que o governo lançou controles de capital no domingo para reforçar a moeda. A moeda se apreciava ainda mais nesta terça-feira.

Mas no mercado paralelo, a moeda caiu na segunda-feira e registrava valorização menor nesta terça-feira, levando a diferença entre os dois preços para quase 10%, segundo dados compilados pela Reuters. Esse movimento evoca memórias de grandes spreads sob controle de capital durante o governo da ex-presidente Cristina Kirchner.

“Quando restrições são impostas, mesmo as menores, sempre haverá um medo refletido pelas pessoas que recorrem ao mercado paralelo”, disse Claudio Loser, chefe da consultoria Centennial Group Latin America, com sede em Washington.

“É uma questão de desconfiança”, acrescentou Loser, ex-diretor do departamento para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI). “Eles (os controles) ajudam o banco central a não perder tantas reservas, mas a desconfiança certamente aparecerá.”

O mercado paralelo é uma rede informal e ilegal de negociadores de moedas que operam nas ruas e em escritórios escondidos que existem na Argentina há décadas, que aumenta e diminui a depender da demanda por dólares fora dos canais regulares.

No centro de Buenos Aires, vendedores ambulantes conhecidos como “arbolitos” costumam gritar “cambio”, oferecendo câmbio aos pedestres e depois levando-os para salas escondidas ou às bancas das ruas onde é possível ver lojas de dinheiro.

Os controles cambiais são um estímulo potencial para o mercado paralelo, que em alguns períodos de regras mais rigorosas, inclusive no setor militar na década de 1980, representava uma grande parte do total de operações. Sob o governo Macri, um defensor do mercado livre, esse mercado tem estado mais à margem.

“É um mercado ilegal, é pequeno”, disse o presidente do banco central argentino, Guido Sandleris, em resposta a uma pergunta da Reuters. Ele acrescentou que os controles cambiais afetariam apenas uma pequena fração dos poupadores.

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