Peso argentino recua e risco-país sobe em meio a planos de reformulação de dívidas
O peso argentino recuava 3% nesta quinta-feira, enquanto o risco-país subia para níveis não vistos desde 2005, depois que o governo anunciou planos de refazer o perfil de 100 bilhões de dólares de suas dívidas, deixando investidores avaliando quais tipos de dificuldades eles podem enfrentar.
As últimas angústias do país, afetado pela recessão e pela inflação, começaram quando o presidente Mauricio Macri sofreu uma derrota inesperada e esmagadora nas eleições primárias de 11 de agosto, nas mãos do peronista populista Alberto Fernández.
Isso preocupou os investidores, que temem que o retorno da esquerda ao poder possa causar outra reestruturação da dívida na terceira maior economia da América Latina.
Uma reformulação da dívida já era esperada quando o Ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, disse na quarta-feira que o governo quer estender os prazos de vencimento de sua dívida com credores privados e com o Fundo Monetário Internacional (FMI), como forma de assegurar sua capacidade de pagamento.
O peso argentino abriu em queda de 3%, a 59,9 por dólar, nesta quinta-feira, tendo perdido 24,3% de seu valor desde que a derrota de Macri nas eleições primárias praticamente eliminou suas chances de ser reeleito em outubro.
Os spreads da Argentina sobre os Treasuries, que medem o risco de default, aumentaram 172 pontos-base nesta quinta-feira, para 2.244, segundo o índice de títulos de mercados emergentes do JP Morgan.
A corretora de investimentos em mercados emergentes Tellimer calcula que 7 bilhões de dólares em dívidas de curto prazo, 50 bilhões em dívidas de longo prazo e 44 bilhões em dívidas com FMI podem estar sujeitos à uma revisão.
Lacunza afirmou que a operação de “reformulação de perfil” de dívidas afetarão investidores institucionais e não individuais.
Ele disse que enviará um projeto de lei ao Congresso para aprovar mudanças nos títulos pelas leis locais. As conversas com os operadores que detém os títulos devem começar em breve, mas provavelmente serão concluídas pelo governo que vencer as eleições gerais de outubro e tomar posse em dezembro. Fernández é agora o líder na corrida presidencial.