Peso argentino despenca com queda em chances de reeleição de Macri
O peso da Argentina despencou nesta segunda-feira, enquanto as ações e os títulos caíram de uma forma não vista em 18 anos, depois que eleitores optarem pela oposição nas eleições primárias do país.
O peso encerrou em queda de 15,27 por cento, a 53,5 por dólar, depois de atingir mais cedo a mínima recorde de 65 por dólar, segundo operadores, depois que o candidato de oposição Alberto Fernández –cuja companheira de chapa é a ex-presidente Cristina Kirchner– dominou as primárias com uma margem maior do que a esperada, de 15,5 pontos percentuais.
Fernández disse que buscará “retrabalhar” o acordo do tipo standby de 57 bilhões de dólares da Argentina com o Fundo Monetário Internacional se vencer a eleição geral de outubro.
As ações argentinas estavam entre as piores perdas no Nasdaq e a bolsa local Merval tinha queda de 31%. Quedas de 18 a 20 centavos no título referencial da Argentina de 10 anos os levou a serem negociados em torno de 60 centavos ou menos.
Dados da Refinitiv mostraram que as ações, títulos e peso argentinos não registram esse tipo de queda simultânea desde a crise econômica do país e default da dívida em 2001.
A vitória dos peronistas Fernández e Kirchner “abre caminho para o retorno do populismo de esquerda que muitos investidores temem”, disse a consultoria Capital Economics em nota.
O banco central da Argentina interveio horas depois da abertura do mercado local, vendendo 50 milhões de dólares no mercado cambial para defender o peso diante das fortes vendas. O leilão usou as próprias reservas do banco pela primeira vez desde setembro do ano passado, disseram operadores. O banco disse depois que leiloaria outros 50 milhões de dólares das reservas.
Leilões de dólares nos últimos meses foram realizados usando fundos do Tesouro.
De acordo com Win Thin, chefe global de estratégia cambial da Brown Brothers Harriman, para questões de negociações globais o mercado de peso não tem um impacto mensurável. Ele não espera um contágio em mercados emergentes.
“É um mercado muito pequeno”, disse Thin. “Desde que Macri reabriu os mercados, adotou algumas medidas pró-mercado, tem havido pouca atividade no peso e ativos argentinos em geral”, completou.
Macri assumiu o poder em 2015 com promessas de recuperar o país através de uma onda de liberalização. Mas a recuperação prometida não se materializou e a Argentina está em recessão com inflação de mais de 55%.
Uma forte crise financeira no ano passado afetou o peso e forçou Macri a tomar um empréstimo junto ao FMI em troca da promessa de equilibrar o déficit argentino.