Peso argentino avança em segundo dia de imposição de controles de capital
O peso argentino se valorizava fortemente nesta terça-feira, amparado pela volta das operações em Wall Street depois de um fim de semana prolongado, com investidores avaliando os controles de capitais impostos pelo presidente Mauricio Macri visando proteger a combalida moeda.
O peso operava com alta de 5,36%, a 56 por dólar, disseram operadores, após a moeda avançar moderadamente na segunda-feira. O risco-país da Argentina também recuava após subir na semana anterior para níveis máximos em vários anos.
Segundo operadores, o banco central da Argentina vendeu dólares no mercado de atacado nesta sessão para ajudar a fortalecer o peso.
A valorização da moeda dava algum alívio a Macri, depois de uma chocante derrota nas eleições primárias no mês passado provocar uma grande turbulência nos mercados de títulos, ações e câmbio do país. O peso, por exemplo, perdeu cerca de 26% de seu valor contra o dólar apenas em agosto.
O peso do mercado paralelo, que caiu na segunda-feira, subia nesta terça-feira, embora não tão acentuadamente quanto a taxa oficial à vista.
Contudo, a ação de Macri de impor controles cambiais –abolidos por ele quando assumiu o poder em 2015, na linha de suas credenciais de defensor do mercado livre– poderia prejudicar o status de “mercado emergente” do país, segundo índices do MSCI.
O MSCI informou na segunda-feira que a mudança para restringir a movimentação de capital pode causar “deterioração material da acessibilidade ao mercado de ações” e levar à “reclassificação do índice MSCI da Argentina para o status de “standalone” –não incluído nem nos índices de mercados emergentes nem nos de mercados “frontier”.
No entanto, como apenas as ações listadas no exterior fazem parte do índice, “o MSCI acredita que os índices MSCI Argentina permanecerão replicáveis, apesar da introdução de controles de capital”.
Qualquer reclassificação da Argentina nos índices –amplamente acompanhados pelo mercado– exigiria primeiro uma consulta pública do MSCI.
No domingo, o governo autorizou o banco central a restringir as compras de dólares à medida que o BC queima suas reservas para sustentar o peso. Os controles de moeda foram uma reviravolta para o presidente Mauricio Macri, um defensor do livre mercado que aboliu os controles de capital depois que chegou ao poder em 2015.
Essa foi a última tentativa do governo de estabilizar o peso, que entrou em espiral de baixa desde que o candidato presidencial da oposição, Alberto Fernández, emergiu como candidato favorito nas eleições primárias de 11 de agosto.
Fernández e sua companheira de chapa, a ex-presidente Cristina Kirchner, são considerados opções mais arriscadas pelos investidores, que temem que a Argentina possa retornar às políticas intervencionistas de seu antigo governo.