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Perdeu dinheiro com a Bolsa? Não se desespere; veja o que fazer

20 mar 2023, 16:24 - atualizado em 20 mar 2023, 16:24
Ibovespa
“Há alguns desafios que o investidor de longo prazo enfrentará e os mais complexos estão relacionados a questões emocionais e comportamentais” (Imagem: Patricia Monteiro/Bloomberg)

Investir no mercado financeiro é simples, basta ter recurso disponível, possuir conta em uma corretora de valores mobiliários ou banco e selecionar os ativos desejados.

Contudo, não é fácil. Há alguns desafios que o investidor de longo prazo enfrentará e os mais complexos estão relacionados a questões emocionais e comportamentais.

Um deles é a aversão à perda, uma reação emocional que pode afetar as decisões financeiras e a capacidade do indivíduo de manter os investimentos por um período suficientemente longo para colher os resultados.

Antes de continuar, a palavra aversão significa repulsa por algo ou alguém, no caso em questão, pelas perdas.

Daniel Kahneman, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2002, relata sobre a aversão assimétrica à perda e demonstra que é uma forma de proteção ocasionada pela evolução.

“Quando diretamente comparados entre si, as perdas parecem maiores que os ganhos. Essa assimetria entre o poder das expectativas, ou das experiências, positivas e negativas tem um histórico do ponto de vista evolutivo. Organismos que encaram as ameaças como sendo mais importantes que as oportunidades têm melhores chances de sobreviver e de se reproduzir”.

Portanto, as pessoas não reagem simetricamente a perdas e ganhos. Elas dão mais importância às perdas do que aos ganhos.

Por exemplo, uma perda de R$ 10.000 apresenta uma dor mais intensa do que o prazer gerado pelo ganho de R$ 10.000.

Se você investe no mercado de renda variável, então, provavelmente, já foi capaz de vivenciar essa experiência.

Nos proteger das perdas foi mais relevante do ponto de vista evolucionário do que nos arriscamos para obter algum ganho.

Some a isso o fato de que o ato de investir não faz parte da maior parte da nossa trajetória evolutiva. A história sugere que a primeira bolsa de valores tenha surgido na Bélgica por volta de 1487.

Pode haver divergências sobre a data específica, mas a realidade é que desde a concepção de um local para transações financeiras até os dias atuais representa uma parcela ínfima do nosso passado como espécie.

É preciso ressaltar que a aversão à perda se difere do medo de perder. O medo é um sentimento transitório, às vezes temos e às vezes não temos.

Entretanto, a aversão à perda é um viés comportamental profundamente enraizado, ou seja, nos acompanha constantemente.

Kahneman abordou na teoria da perspectiva um caso prático com base em uma aposta na moeda. Se der coroa, o apostador perde 100 dólares.

Se der cara, o apostador ganha 150 dólares. O valor esperado da proposta é positivo, mas para a maioria das pessoas o medo de perder 100 dólares é mais intenso do que a possibilidade de ganhar 150 dólares.

Em seu estudo, o psicólogo concluiu que “a razão de aversão à perda foi estimada em diversos experimentos e normalmente fica na faixa de 1,5 a 2,5. Isso é uma média, claro; algumas pessoas são muito menos avessas às perdas do que outras”.

Damos um peso de 1,5 a 2,5 vezes maior às perdas do que aos ganhos. Por isso, visando compensar psicologicamente, teria que arriscar US$ 100 e contar com uma estimativa de ganho de, no mínimo, US$ 250 a US$ 350.

Não é possível eliminar por completo os vieses comportamentais, mas é factível aprender a lidar com eles e minimizar a interferência nas suas decisões.

E o primeiro passo é reconhecer que eles existem. Outros pontos a serem observados com o intuito de melhorar o seu desempenho como investidor: avaliação correta do perfil de risco, exposição equilibrada entre renda fixa e renda variável conforme os seus objetivos e capacidade de absorção de risco, ampliação do conhecimento técnico da área e redução do tempo destinado ao monitoramento do mercado.

Sim, investidores que acompanham menos as informações, ruídos e cotações são mais propensos a segurarem os ativos, enquanto os que acompanham de perto tendem a tomar piores decisões.

A experiência adquirida ao longo dos anos por meio da prática também é um fator importante.

A vivência proporciona um calejamento mental e desenvolve habilidades que possibilitam lidar com o desconforto de forma mais eficaz.

A dinâmica do mercado é cíclica, apresenta períodos de crescimento e euforia, seguidos por movimentos de declínio e medo.

Como investidor, é inevitável lidar com ambas as tendências e estar preparado para enfrentar diferentes cenários.

Conforme já mencionado, os indivíduos valorizam mais aquilo que possuem atualmente do que aquilo que podem ganhar.

Para alcançar uma boa taxa de retorno no mercado financeiro a longo prazo, é necessário assumir alguns riscos e saber lidar com as flutuações de preços.

Por fim, os investidores profissionais apresentam uma visão ampla e entendem a importância da seleção dos ativos do portfólio, da gestão de risco e do controle emocional.

Assim, conseguem manter a calma e seguir o planejado enquanto a maioria está sendo dominada pelas emoções “irracionais” e perdendo a cabeça em momentos de maior incerteza e aumento da volatilidade.

Os tomadores de risco experientes são mais capazes de lidar com as perdas, já que possuem maior tolerância emocional em relação às oscilações de preços.

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