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Pequenos negócios geram renda de R$ 420 bilhões por ano, aponta Sebrae

11 jul 2022, 15:23 - atualizado em 11 jul 2022, 15:23
O cálculo consta no Atlas dos Pequenos Negócios, lançado na última semana como parte das comemorações de 50 anos do Sebrae (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Não é clichê dizer que os micro e pequenos negócios são a força motriz da economia brasileira. Eles representam 99% do número de empresas ativas no País, cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e são responsáveis por 54% dos empregos formais.

Agora, um levantamento inédito do Sebrae aponta que esse perfil de organização gera uma renda média de R$ 420 bilhões por ano.

O cálculo consta no Atlas dos Pequenos Negócios, lançado na última semana como parte das comemorações de 50 anos do Sebrae.

O relatório mapeia o perfil dos negócios por região e traz informações também por Estado – uma visão inédita feita pela entidade até hoje.

Questões como diversidade dos donos de negócios, escolaridade e finanças são alguns dos aspectos contemplados.

No que diz respeito aos rendimentos, o atlas indica que os microempreendedores individuais (MEI) em atividade têm uma renda média anual de R$ 140 bilhões, aproximadamente. Já as micro e pequenas empresas (MPE) geram um valor de quase R$ 280 bilhões.

Além disso, a maioria desses empreendedores têm o negócio como principal fonte de renda, uma realidade para 78% dos MEIs e 71% dos MPEs.

Essa dependência da atividade empresarial é reflexo também dos tempos de crise. A taxa de empreendedores que iniciaram o negócio por necessidade vinha em tendência de queda entre 2002 e 2014, passando de 55,4% para 29,1%.

Porém, entre 2015 e 2016 (anos de recessão) e nos dois últimos anos (pandemia), o nível voltou a subir: chegou a 50,4% em 2020 e 48,9% em 2021, segundo o relatório Global Entrepreneurship Monitor 2021 (GEM), realizado no Brasil com apoio do Sebrae.

“Em países desenvolvidos, a participação dos pequenos negócios no PIB fica em torno de 40% a 50%. Se em dez anos nós conseguirmos promover esse crescimento, toda a economia sai beneficiada, graças ao poder que as micro e pequenas empresas têm de gerar renda e empregos”, avaliou Carlos Melles, presidente do Sebrae.

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Diversidade e regionalidade

Essa é a primeira pesquisa do Sebrae que contempla dados mais detalhados das regiões do País e Estados. O levantamento mostra, por exemplo, que 40% dos donos de negócios do Brasil estão em apenas três Estados: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Já Sergipe, Rio de Janeiro e Distrito Federal são os Estados com maior proporção de mulheres à frente de pequenas empresas.

As regiões Norte e Nordeste se destacam como as que têm as maiores proporções de jovens e negros comandando um empreendimento. Isso se deve, em parte, ao fato de que a Região Norte tem uma população relativamente mais jovem comparada às demais do País.

Enquanto isso, Sul e Sudeste têm as menores proporções de empreendedores negros, chegando a 15% nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O perfil do empreendedor também está relacionado à formalidade ou não do negócio. A informalidade atinge um público específico: na maioria, são pessoas com menor escolaridade e renda, negros, com até 34 anos de idade e que dedicam poucas horas à empresa, trabalhando por conta própria, sem empregados. Esse perfil atua, principalmente, nos setores de construção e agropecuária.

Por outro lado, os donos de negócios formais são predominantemente brancos, entre 35 e 54 anos, têm empregados e dedicam mais de 40 horas ao empreendimento. Também têm maior renda e escolaridade mais elevada, atuando com comércio e serviços.

Formalização dos negócios

O Atlas dos Pequenos Negócios indica como políticas públicas contribuem para a formalização e crescimento dos empreendedores, como a criação do MEI, o Simples Nacional e a Lei Geral das MPE. Uma análise feita pelo Sebrae mostra que o número de microempreendedores individuais cresceu mais do que o número de trabalhadores por conta própria entre 2012 e 2021.

Enquanto o primeiro grupo passou de 20,5 milhões para 25,9 milhões no período, os MEI foram de 2,6 milhões para 11,2 milhões. “É uma forma de tentar tangibilizar o quanto o MEI está reduzindo a informalidade”, disse Kennyston Lago, analista de gestão estratégica do Sebrae, durante lançamento do atlas.

“A proporção de MEI cresceu mais do que a proporção de conta própria, que seria o universo que gostaríamos de trazer para a formalidade. A distância tem diminuído, então isso, para a gente, é um indicativo de que o MEI tem cumprido um dos seus papéis, que é trazer as pessoas que estão no empreendedorismo informal para a formalidade”, completa. A estimativa é que 28% desse perfil empreendedor veio da informalidade.

Outro indício que corrobora a importância do MEI para a formalização dos negócios é que, em 2020, o número de microempreendedores individuais cresceu 8%, enquanto o volume de MPE formalizadas caiu 0,5% em relação a 2019.

Carlos Melles, presidente do Sebrae, também reconheceu as políticas criadas durante a pandemia para apoiar os pequenos negócios na crise econômica que se instalou.

“Não deixamos de reconhecer o que foi feito em termos de auxílio emergencial entre 2020 e 2021, a MP do Bem, reconhecemos o Pronampe, o Fampe do Sebrae”, citou. “Também percebemos que colocar agentes de desenvolvimento territorial voltados para o empresariado poderia melhorar muito a percepção de desenvolvimento.”

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