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Peers Consulting: Chaves do sucesso para Transformação Digital

13 jan 2022, 9:59 - atualizado em 13 jan 2022, 9:59
Digital, digitalização, virtual, inteligência artificial, tecnologia
Alta gestão das empresas deve liderar profunda mudança de mindset, diz autor (Imagem: Pixabay/ geralt)

Por Admar Corrêa Neto*

Empresas nativas digitais vêm roubando cada vez mais espaço no mercado, atraindo clientes com uma proposta de valor focada nas necessidades individuais, atendimento personalizado, facilidade de transacionar e alta geração de valor. Com isso, Transformação Digital se tornou, talvez, o tópico número 1 das empresas hoje em dia. Como reagir e não se deixar ser engolido por empresas com proposta de entrada agressiva, alto aporte de capital e produtos inovadores com foco nas necessidades dos clientes tem sido a pauta constante entre executivos.

O desafio principal está em definir a direção e os passos necessários antes de embarcar na jornada da transformação digital. De acordo com pesquisa feita pela Asia School of Business, mais de 70% das empresas falham na transformação digital. Essa transformação exige, além de organização, foco para direcionar muito bem os recursos financeiros escassos de cada companhia.

Isso porque, em geral, a transformação digital está atrelada à internalização de tecnologias e recursos. Se antes as empresas estavam acostumadas a terceirizar suas plataformas, hoje a necessidade de inovação constante faz com que a maioria que entende a mudança do mercado opte por desenvolver plataformas próprias, internalizar colaboradores (e conhecimento) e, consequentemente, aumentar o investimento em tecnologia.

O erro mais comum, naturalmente, é a falta de uma estratégia clara. Entender exatamente a lacuna de negócio que a tecnologia pode preencher, trazendo diferencial para o negócio, não é uma tarefa fácil. Para onde o mercado está indo? O que pode ser atrativo para o meu consumidor? Quais problemas do meu consumidor não estão sendo bem resolvidos? O que pode gerar vantagem competitiva frente a minha concorrência? Como as experiências do meu cliente impactam a expectativa em relação ao que ofereço para ele? Essas deveriam ser as primeiras perguntas que uma empresa visando uma transformação digital deveria se fazer.

“Empresas digitais tem uma cultura mais permissiva a riscos e erros”, afirma Corrêa Neto (Imagem: Divulgação/ Peers)

Além disso, 62% das empresas, segundo a mesma pesquisa da Asia School of Business, citam que o principal desafio está atrelado à cultura. De fato, empresas digitais tem uma cultura mais permissiva a riscos e erros. Ao invés de planejamentos exaustivos, elas se permitem testar e aprender e, principalmente, se adaptar rapidamente. Isso exige que a empresa se torne mutável e menos estática, qualidades que podem dar a impressão de um movimento caótico e de pouco controle para quem não estiver acostumado.

Ao invés de orçamentos base zero baseados em longos planejamentos, passa-se a falar em lean budget. Se antes se discutiam cronogramas, agora são realizadas sprints, backlogs e seus planejamentos de ciclo curto priorizando a alta geração de valor. O caminho para uma governança eficiente nesse ambiente aparentemente confuso está na orientação a dados. Com isso, entram novos personagens em ação: os cientistas de dados e suas plataformas analíticas, tudo isso corroborado por uma estrutura de dados organizada, automatizada e eficiente, evitando crises em sistemas e velocidade na obtenção das informações.

Mudança de mindset

Novamente, para isso, entra a exigência de investimentos e, mais ainda, paciência e confiança no processo e nos resultados futuros. Sendo assim, o sucesso da transformação digital passa por algo maior do que a implantação de softwares pontuais – passa por uma mudança organizacional sustentada por uma forte mudança de mindset que deve iniciar pela alta gestão.

Em resumo, para que a empresa tenha sucesso nessa mudança podemos elencar alguns fatores indispensáveis:

– Geração de Valor: foco no que gera valor para o cliente e para a empresa, para que a transformação se prove financeiramente rentável, trazendo resultados concretos;

– Liderança: é necessário um forte mindset da alta gestão;

– Persistência: persistir é necessário a fim de superar as dificuldades iniciais e lidar com o longo processo.

O primeiro passo é delinear bem o caminho para onde essa “nova empresa” irá – seja utilizar tecnologia para atrair um novo público, desenvolver novos produtos, criar novos negócios, incrementar canais, expandir geografia, trazer automação com velocidade e custos reduzidos, etc. Os caminhos são muitos e quanto maior a ambição, maior pode ser o investimento.

A partir da estratégia traçada, entra a transformação cultural a partir da implantação do modelo e a execução do roadmap de transformação do ecossistema de aplicações. O início é duro e requer muito investimento em estrutura, equipe, treinamentos e mecanismos de gestão, exigindo persistência. A partir do momento que os resultados começam a aparecer, a confiança no processo aumenta e o caminho vai se tornando mais fácil. Além disso, o modelo vai se tornando operação diária, reduzindo investimentos estruturantes.

Por fim, o entendimento de que a empresa facilmente se adapta às mudanças do mercado e que a nova estrutura permite que a empresa continue gerando valor ao longo do tempo trará a confiança necessária de que o processo foi bem-feito e se tornou um importante habilitador do futuro da companhia.

Admar Corrêa Neto é Associate Manager da Peers, formado em Administração pela UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Possui 12 anos de experiência em consultoria de negócios, sendo 10 atuando pela Peers Consulting. É líder da frente de Growth Strategy e M&A da empresa e possui grande experiência no varejo, tendo atuado por mais de 10 anos nesse setor em projetos de Operação de Loja, Gestão Comercial, TI e Supply Chain.