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Pedro Serra: Temporada de Balanços – quais são os destaques da Bolsa de Valores nesse trimestre?

14 maio 2021, 13:29 - atualizado em 14 maio 2021, 13:29
Ibovespa Ações Mercados
“Para os investidores que estão buscando boas oportunidades para investimentos na Bolsa de Valores, separamos algumas empresas e setores que se destacaram”, diz  o colunista (Imagem; Reuters/Paulo Whitaker)

A temporada de balanços do 1° trimestre de 2021 vai chegando ao fim, e com ela – mais uma vez – foi possível perceber a forma como as companhias listadas na Bolsa de Valores estão superando de forma consistente a pandemia da Covid-19. Assim, como demonstrado no 4º trimestre de 2020, as empresas têm reportado resultados que mostram uma continuidade no movimento de recuperação.

Por mais que no fim de março de 2020, o trimestre tenha sido impactado pela elevação no número de casos de coronavírus, o que causou uma desaceleração do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), o lucro reportado pelas companhias continuou seu movimento de crescimento, atingindo patamares superiores aos níveis pré-pandemia.

Esse movimento de alta nos lucros e preços estáveis nos mostra um índice Bovespa – por um olhar de múltiplo P/L – ainda muito descontado e abaixo da sua média histórica.

Para os investidores que estão buscando boas oportunidades para investimentos na Bolsa de Valores, separamos algumas empresas e setores que se destacaram em suas divulgações de resultados do 1º trimestre de 2021, e que podem ser boas opções de investimentos.

Destaques da temporada de balanços: varejo e bancos

No setor de varejo alimentar, Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3) mostraram um forte crescimento no top-line, mesmo com a desaceleração da inflação alimentar e uma base de comparação forte por conta do Carnaval e do processo de estocagem no final de março de 2020, quando a pandemia teve início.

Além disso, as iniciativas digitais continuaram em patamar de penetração elevado, e devemos ver um movimento maior no restante do ano de 2021, já que parcerias com last millers e varejistas de e-commerce devem se intensificar.

Apesar desses pontos positivos, Carrefour reportou uma margem Bruta e Ebitda pressionadas, o que deve ser um ponto de atenção para os próximos trimestres do ano.

Na ponta contrária do setor, por mais que seu resultado esteja em linha com nossas expectativas e com uma maior rentabilidasde Ebtida, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) apresentou um crescimento mais fraco que seus concorrentes, comparado ao ano anterior, dinâmica que representa uma perda de market-share por parte da companhia.

Olhando para o setor bancário, vimos as companhias apresentando uma forte redução na necessidade de provisionamento e um aumento das margens finaceiras, permitindo uma alavancagem dos lucros líquidos e do ROE.

Em distribuição, já é possível perceber um tracionamento da recuperação da demanda, sobretudo nas regiões Sudeste e Nordeste (Imagem: REUTERS/Mukesh Gupta)

Setor elétrico e combustíveis

Conforme esperávamos, o setor elétrico apresentou resultados distintos conforme os segmentos onde as companhias atuam. Aquelas mais dependentes de geração hidrelétrica, como AES Brasil (AESB3), Cesp (CESP6) e Engie (EGIE3) apresentaram resultados impactados pela hidrologia e pluviometria menos favoráveis e, assim, um nível de despacho mais diminuto.

Em distribuição, já é possível perceber um tracionamento da recuperação da demanda, sobretudo nas regiões Sudeste e Nordeste. Percebemos também uma retomada, ainda que parcial, da demanda de consumidores industriais, o que não ocorreu ao longo de 2020.

Tal movimento vem sendo capturado pelas distribuidoras, que vem apresentando balanços operacional e financeiramente superiores, ainda que os níveis de perda e inadimplência sigam elevados .

Em transmissão, o avanço dos índices inflacionários e revisões tarifárias ocorridas a partir do segundo semestre de 2020 tem corroborado para que as companhias do setor também demonstrem excelentes resultados.

Já no setor de distribuição de combustíveis, apesar dos volumes do Ciclo Otto e diesel terem decaído em função de maiores restrições de locomoção, causadas pela pandemia ao longo do primeiro trimestre, enxergamos ganhos de eficiência em Ultrapar (UGAP3) e, sobretudo, em BR Distribuidora (BRDT3), que chama muita atenção no momento pelas potencialidades que apresenta em sua proposta de se tornar uma empresa completa no provimento de soluções em energia.

A forte demanda por minério de ferro não arrefeceu no primeiro trimestre de 2021, e chegou a flertar US$180/t no período, proporcionando ótimos resultados para as mineradoras (Imagem Pixabay/MIOSMEDIA)

Construção, mineração e siderurgia

As construtoras vivem um momento singular no que diz respeito às taxas de financiamento imobiliário, pois tanto aquelas praticadas pelo mercado quanto o SBPE continuam em patamares muito confortáveis, soma-se a isso o fato de que a continuidade do programa habitacional do governo removeu grandes incertezas das construtoras voltadas aos empreendimentos de baixa renda.

No primeiro trimestre, as construtoras conseguiram não só alcançar um número relevante de lançamentos, apesar dos atrasos nas aprovações de licenças e alvarás, devido ao cenário de pandemia, mas também elevaram o preço médio de seus empreendimentos sem causar impactos relevantes na VSO (Venda sob a oferta).

Em contrapartida, o forte aumento no preço de suas principais matérias-primas pressionou as margens das companhias.

Para finalizar, é importante destacar os resultados alcançados pelos mercados de mineração e siderurgia. Desde que a China iniciou um pacote de estímulos ficais voltados ao setor de infraestrutura, buscando mitigar os efeitos negativos da pandemia, o mundo vem presenciando sucessivos aumentos no preço do minério de ferro, dada a insuficiência da oferta da commodity.

A forte demanda por minério de ferro não arrefeceu no primeiro trimestre de 2021, e chegou a flertar US$180/t no período, proporcionando ótimos resultados para as mineradoras.

Além disso, a pressão pela diminuição de emissão de gases poluentes por parte das autoridades chinesas somada aos níveis elevados no preço do coque garantiram um bom prêmio por minério de alta qualidade.

O salto no preço do minério seria muito inconveniente para as siderúrgicas brasileiras não fosse a forte demanda doméstica por derivados do aço.

A cadeia produtiva ainda está em processo de normalização de estoques, o setor automobilístico enfrenta escassez de peças e o setor de construção encara alguns atrasos no recebimento de matéria prima.

Tal desequilíbrio viabilizou aumentos consecutivos no preço dos derivados siderúrgicos durante o início do ano, proporcionando resultados acima das expectativas para as empresas do setor.

Para o resto do ano, vale acompanhar o desempenho das empresas que ainda possuem melhoras para serem apresentadas em seus balanços com o avanço da vacinação, como é o caso do varejo físico, setor aéreo e educação.

Embora a foto desses segmentos ainda apresente uma imagem ruim, a melhora que estar por vir pode ser positiva para a performance de suas ações.