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Pedro Serra: Onde estão as boas oportunidades nesses tempos difíceis?

29 out 2021, 17:27 - atualizado em 29 out 2021, 17:27
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“Avalio que a temporada de resultados que começa hoje pode mostrar que, alguns ativos estão muito descontados, formando assim um ambiente ideal para investimentos de longo prazo”, aponta (Imagem: Linkedin/Divulgação)

O frágil panorama macroeconômico brasileiro, assim como as constantes turbulências no cenário institucional do país têm levado o mercado a reavaliar suas premissas e expectativas de maneira significativa.

Para se ter uma ideia, do início do ano pra cá, os juros de 10 anos saiu de um patamar de ~7% para 11% – 12%, a inflação esperada de 2022 saltou de ~3,5% para 4% – 5% e as previsões para o PIB de 2022 caíram de 2,5% para 1,0% – 2,0% (Consenso Bloomberg).

Como tudo isso impacta nos valores dos ativos? Basicamente, isso significa que a taxa de desconto será estruturalmente mais alta, ou seja, mesmo com o P/L da bolsa nas mínimas (8,0x) e com um Lucro esperado estável, o valor intrínseco será menor devido ao seu custo de oportunidade.

O que esperar para a temporada de resultados 3T21?

Feito esse disclaimer, vale reforçar que stock picking na bolsa brasileira- diferente da americana que tem sido impossível “bater” o S&P 500 na última década- sempre teve o seu valor, fato decorrente do peso relevante de commodities e estatais no Ibovespa que, muitas vezes, possuem uma dinâmica de risco própria.

Dessa forma, avalio que a temporada de resultados que começa hoje pode mostrar que, alguns ativos estão muito descontados, formando assim um ambiente ideal para investimentos de longo prazo.

Na Ativa Investimentos, estamos sempre buscando por assimetrias, especialmente na relação Preço x Valor.

Olhando para os fundamentos, o preço da maioria das empresas na bolsa nos parece barato, mas não podemos ignorar os ajustes que ocorrem com um discurso político que demonstra sinais de irresponsabilidade fiscal e que trazem mais incertezas para os investidores.

Desta maneira, sempre vale destacar que o investidor dê preferência por nomes menos expostos às decisões de “twitadas” de Brasília, empresas que sejam donas do seu próprio crescimento e que contem com bons gestores de caixa.

Como investir em um cenário instável?

Em resumo, acredito que o investidor deve buscar empresas que possam se destacar nessa temporada de resultados, mas que possuam um bom histórico de gestão e governança e baixos níveis de endividamento.

Levar em conta a fragilidade do atual cenário macroeconômico e institucional antes de decidir sobre investimentos em empresas que são diretamente impactadas por decisões governamentais, também é uma dica.

E claro, vale lembrar que, nesses momentos de turbulência, esperar por dias melhores investindo no longo prazo é uma decisão menos arriscada.