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Pedro Serra: O que há de novo na Vibra?

03 set 2021, 14:01 - atualizado em 03 set 2021, 14:01
BR Distribuidora BRDT3
Como todo bom case, é evidente que o percurso de Vibra dispõe de alguns riscos, como a agenda regulatória do setor de distribuição de combustíveis (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

A Vibra Energia (BRDT3) – antiga BR Distribuidora– iniciou um processo de transformação de sua cultura, atuação e propósitos, que promete impactar positivamente as operações da companhia.

Recentemente, a empresa anunciou duas novidades que comprovam que os rumos trilhados pela Vibra Energia serão diferentes daqueles da BR Distribuidora.

A primeira delas diz respeito à criação da ECE, comercializadora de etanol independente, que fomentará sinergias com a sua atuação neste mercado; e a segunda é o acordo de cooperação assinado com a ZEG, cujo objetivo é desenvolver operações no setor de biometano.

Esses são dois exemplos de como a Vibra tem buscado se inserir em operações que dialoguem com seu novo propósito de tornar-se um player completo de energia no processo de transição energética, já em curso no Brasil.

Além disso, avalio também que a Vibra poderá se posicionar de forma mais ativa em outros segmentos como o de comercialização de gás natural – ao se aproveitar da abertura deste mercado no país -, assim como no de provimento de energia elétrica no mercado livre de energia e na captura de calor em mercados renováveis periféricos e com potencial, como o de hidrogênio verde.

A escolha por não comprar diretamente uma refinaria da Petrobras (PETR4) também evidencia seu interesse em se projetar como uma companhia disposta a gerar valor através da combinação de uma atuação múltipla, e que não possua uma dependência tão grande em termos de fluxo de caixa de um único ativo.

Vale destacar também a parceria realizada com as Lojas Americanas (AMER3), visando executar uma proposta de criação de valor de seu business de conveniência, que deverá obter algumas lojas de operação própria, mas que em suma, obterá escala por meio da implantação de franquias, diminuindo assim a necessidade de desembolso por parte da companhia, liberando caixa para que os investimentos sejam direcionados às atividades que dialoguem de forma mais intensa com o atual propósito da companhia.

Como todo bom case, é evidente que o percurso de Vibra dispõe de alguns riscos, como a agenda regulatória do setor de distribuição de combustíveis, o aumento da concorrência neste mercado, bem como a própria política de aumento da rentabilidade dos Postos Petrobras, estratégia essa que levou um de seus principais concorrentes, o Posto Ipiranga, a uma situação muito difícil.

Ao propor a implementação de uma nova proposta de valor B2B2C, adicionando postos, aumentando sua presença em aditivados, majorando a penetração de Br Mania e expandindo em oito vezes os usuários ativos de seu programa de relacionamento, acredito que a Vibra tem tudo para observar um resultado diferente daquele colhido pelo seu principal concorrente.

Entretanto, as respostas efetivas somente serão conhecidas durante o caminho, que como em todo processo de transição, pode se mostrar complexo e necessitar do investidor, uma maior dose de paciência.

Em resumo, mesmo com os risco inerentes ao mercado de distribuição de combustível no Brasil, é interessante que o investidor acompanhe de perto os próximos passos da Vibra Energia, mesmo porque, já está claro que a empresa não vai medir esforços para entregar soluções completas de energia, em um mundo em que a transformação do setor energético será radical.