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Pedro Serra: Eletrobras perde valor de mercado e fica instável com saída do CEO

28 jan 2021, 19:23 - atualizado em 28 jan 2021, 19:23
Wilson Ferreira Jr
Ao renunciar, Ferreira deixou claro que sua pouca visibilidade durante o processo de privatização da estatal foi uma das principais razões que levaram à sua saída (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Um cenário de instabilidade se formou na Eletrobras (ELET3ELET5ELET6) após o surpreendente anúncio da renúncia de seu CEO, Wilson Ferreira, levando a companhia a perda de R$ 4,36 bilhões em valor de mercado.

Reconhecido pelo setor financeiro como um ótimo gestor, que realizou um excelente trabalho não somente na Eletrobrás, mas também na CPFL (CPFE3), o executivo assume agora o controle da BR Distribuidora (BRDT3), depois de quatro anos à frente da estatal.

Entretanto, quais os impactos desta movimentação para o resultado de ambas as companhias na Bolsa? E quais os possíveis cenários futuros para o comando da Eletrobras?

Ao renunciar, Ferreira deixou claro que sua pouca visibilidade durante o processo de privatização da estatal foi uma das principais razões que levaram à sua saída.

Entretanto, é interessante levar em consideração que a BR Distribuidora aprovou seu nome ainda no final de dezembro, ou seja, muito provavelmente o convite da antiga subsidiária da Petrobras (PETR3;PETR4) também deve ter entrado na conta do executivo.

Outro ponto que intriga o mercado é a expectativa de quem deve assumir o posto e, principalmente, se o governo fará pressão para indicar uma pessoa que atenda a seus interesses políticos, em detrimento de um nome técnico, haja vista que estamos próximos das eleições para presidência da Câmara dos Deputados.

Caso a Eletrobras assuma esse papel de moeda de troca no jogo da barganha política, podemos contar com a possibilidade de que a privatização da estatal ficará ainda mais incerta, além do aumento do risco de loteamento político dentro da companhia.

O que poderia ajudar? O atual Conselho Administrativo da Eletrobras, responsável pela seleção do substituto de Ferreira, ainda é formado por pessoas indicadas pelo governo Temer e consideradas técnicas. Essa será a verdadeira prova de fogo de independência desse conselho.

Acreditamos que a única possibilidade da Eletrobras conseguir reverter (em parte) o pessimismo que agora paira sobre a estatal, é a do conselho eleger, o mais rápido possível, um nome técnico que não seja ligado a nenhum político, porém, que tenha a simpatia da classe política, esvaziando assim o risco de loteamento.

Já em relação à questão da privatização, consideramos pouco provável que esta pauta avance no curto ou médio prazo, sendo preciso avaliar como a empresa deverá se adequar à nova gestão.

Boas notícias para a BR Distribuidora

Diferentemente da Eletrobras, para a BR Distribuidora a notícia é positiva! A chegada de um CEO do calibre de Ferreira, com ampla experiência no setor de energia, é muito importante para a empresa.

A BR vem encerrando o seu primeiro ciclo, em que deixou de ser estatal e subsidiária da Petrobras  e passou a buscar ganhos de eficiência, traçando um novo norte estratégico e estimulando cortes de custos.

BR Distribuidora BRDT3
O novo ciclo da BR Distribuidora será bem diferente, dado que a companhia terá que reconquistar sua participação de mercado (Imagem: Money Times/Vitória Fernandes)

O CEO, Rafael Grisolia, conseguiu realizar o IPO, cortar custos e tornar a empresa mais competitiva, tendo em vista que ela vinha perdendo mercado.

Porém, apesar dessas melhorias, o mercado sempre avaliou que a performance da empresa sob a gestão do executivo ainda estava aquém do esperado, especialmente no que diz respeito ao business de conveniência.

O novo ciclo da BR Distribuidora será bem diferente, dado que a companhia terá que reconquistar sua participação de mercado, além de revisitar seus negócios em um mercado que está passando por diversas transformações, como o fim do monopólio da Petrobras no refino.

Adicionalmente, no longo prazo, a empresa precisará analisar novos negócios (mercado de gás e/ou energia) e se
adequar à chegada do carro elétrico ao Brasil.

Todos esses desafios e oportunidades demandarão uma liderança com capacidade de gerar valor para os acionistas e, do ponto de vista interno, firme e amplamente reconhecida para contar com engajamento de seus colaboradores na execução dos próximos planos estratégicos que deverão surgir.

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