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Pedro Serra: Cogna (COGN3) – quedas fundamentadas podem ser sempre mais profundas

14 abr 2022, 19:24 - atualizado em 14 abr 2022, 19:35
Kroton Cogna
Contudo, o preço de tela baixo não significa empresa barata, em muitos casos, quedas podem ser bem fundamentadas e é esse ponto que desejo trazer para o debate (Imagem: Kroton/Youtube)

Nos últimos tempos, uma das empresas mais comentadas da bolsa foi a Cogna Educação (COGN3). A queda de suas ações em mais de 70% desde o início da pandemia parece atrair a atenção de investidores, onde muitos passaram a considerar o case como um possível investimento de grande geração de valor.

Contudo, o preço de tela baixo não significa empresa barata, em muitos casos, quedas podem ser bem fundamentadas e é esse ponto que desejo trazer para o debate.

Para começar, devemos voltar para o período pré-pandemia. Em fevereiro de 2020 a Cogna fez um follow-on de suas ações e captou R$ 2,5 bilhões. O intuito da empresa foi de investir na expansão do ensino presencial, que na época crescia 30% ao ano.

Porém, como todos sabemos, veio a pandemia e a captação do setor de educação caiu drasticamente, o que em conjunto com o aumento das evasões, fez com que a companhia tivesse uma queda de 30% no número de alunos presenciais matriculados em 2020.

O péssimo ano levou a Cogna para a maior restruturação de sua história, chegando a fechar cerca de 25% de suas unidades físicas (campis).

O péssimo desempenho de sua vertical no ensino superior fez com que a receita líquida consolidada da companhia caísse 16%, resultado que só não foi pior devido a outras verticais da empresa, como a Vasta, que seguraram a receita.

Além disso, embora o ano de 2020 tenha sido ruim para todo o setor de educação, a Cogna foi de longe a mais afetada. Para se ter uma ideia, a YDUQS, sua principal concorrente no setor, apresentou um aumento de 8% da sua receita líquida no ano de 2020, principalmente puxada pelo crescimento do EAD.

O que vem pela frente?

Olhando para o futuro, outro ponto importante de ser levantado é que o setor de educação ainda passará por um ano desafiador. Embora o EAD tenha vindo para ficar, o ensino presencial deve continuar sofrendo com dificuldades de repassar a inflação nos tickets, pressionando suas margens.

Por fim, vale ressaltar que o intuito desse artigo é demonstrar que o preço de tela não é sinal de potencial valorização, e que, portanto, existe fundamento na queda das ações da empresa.

Quanto ao momento atual, acreditamos que o pior para a empresa já passou e a restruturação da Cogna parece estar dando resultados. O fechamento de câmpus, o deal com a Eleven e o foco no modelo de subscrição em Vasta e no EAD em Kroton são ações que geram otimismo para o futuro da empresa.

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