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Pedro Holloway: Investidor volta a demonstrar interesse no setor de educação

17 abr 2019, 11:19 - atualizado em 17 abr 2019, 11:19

Por Pedro Holloway* – Analista de Investimentos Sênior da MAPFRE Investimentos

O setor de educação vive um novo momento em bolsa, depois de apresentar um desempenho muito pior que o Ibovespa ao longo de 2018 e início de 2019. O investidor volta a demonstrar interesse no segmento.

As empresas são relativamente grandes; as ações, líquidas e com uma vertente de crescimento interessante: o Ensino a Distância (EaD). Agora, as matrículas aparentam estar em níveis mais sustentáveis. A dependência do programa FIES diminuiu em todas as empresas listadas. Os alunos financiados pelo governo, portanto, já não representam a maioria dos novos entrantes.

Apesar disso, a concorrência está forte nas regiões Nordeste e Norte e no Rio de Janeiro. A “capacidade instalada” subiu com as aberturas de novas unidades. Algumas praças ficaram superofertadas, comparadas com a pequena demanda por cursos. Os possíveis futuros alunos têm receio de comprometer tempo e renda por quatro ou cinco anos de suas vidas. O ciclo econômico ainda influencia. Porém, pelas conversas que tivemos com as educacionais, o pior parece ter ficado para trás.

Mesmo com preços mais baixos, não é necessário ser irracional nos descontos. Dosar o nível dos descontos é o nome do jogo em 2019. Não adianta ter estudantes e não ter lucro. Também não adianta querer ter margem alta, e o preço das mensalidades atrair poucos alunos.

Este ano pode ser bom para fusões e aquisições no setor. Os vendedores, normalmente faculdades menores, viram que os seus ativos não valem tanto quanto seus donos pensavam. Sabem que não serão precificados a 15x EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Os compradores foram reavaliados em bolsa, também não valem mais módicos 5x EBITDA. Executivos têm falado que aquisições podem sair ao redor dos 10x-12x EBITDA.

Algumas empresas ainda estão inaugurando seus respectivos cursos à distância. A evasão, que já é grande nos primeiros anos, fica ainda maior em um curso a distância. Por outro lado, no caso de inadimplência, a renegociação é mais simples, pois as mensalidades nesta modalidade são substancialmente menores.

Um risco que ainda permanece no radar são os financiamentos próprios das empresas aos estudantes. Esse tópico ainda traz receio aos investidores. Abaixo, o desempenho das ações do setor comparadas ao Ibovespa.

* Pedro Holloway é também economista pela USP com mestrado em finanças pela FGV e possui os certificados CNPI (Apimec) e CGA (ANBIMA).

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