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Pedidos de recuperação judicial no agro seguem em alta no Brasil, aponta Serasa

25 out 2024, 9:41 - atualizado em 25 out 2024, 9:41
balanço resultados 3T24 terceiro trimestre 2024
(Imagem: YouTube/BrasilAgro)

Os produtores rurais que atuam como pessoa física no Brasil realizaram 214 pedidos de recuperação judicial no segundo trimestre, mais que o dobro do verificado nos primeiros três meses do ano e um salto de cerca de seis vezes em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com dados publicados nesta sexta-feira (25) pela Serasa Experian.

Tais pedidos de recuperação judicial, embora representem uma pequena parcela do total de produtores no Brasil, vêm aumentando nos últimos trimestres, uma vez que produtores lidam com eventos climáticos severos, taxas de juros mais elevadas, a baixa do preço das commodities e uma alta dos custos de produção, explicou o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, em nota.

Esse fatores “impactaram negativamente a estabilidade financeira no campo, principalmente para produtores que já estavam muito alavancados”, disse Pimenta.

“Ainda assim, apesar da alta, é preciso ponderar o número absoluto de solicitações é pequeno se considerarmos um universo com cerca de 1,4 milhão de produtores que tomaram crédito rural durante os últimos dois anos no país”, acrescentou ele.

A Serasa notou uma forte concentração de pedidos de RJs nos Estados de Mato Grosso e Goiás. “Isso tem gerado um pessimismo para credores que passaram a atuar na região nos últimos anos”, afirmou o executivo.

Mato Grosso e Goiás, grandes produtores agropecuários do Brasil, registraram 57 e 54 pedidos, respectivamente, seguidos por Minas Gerais (35), Mato Grosso do Sul (23) e Paraná (12).

Os dados mostraram que os arrendatários de terras e grupos econômicos ou familiares relacionados ao setor registraram 99 pedidos de recuperação judicial.

“Para os produtores rurais que lidam com mais essa modalidade de comprometimento financeiro, além dos fatores econômicos, o desafio acaba sendo ainda maior”, comentou Pimenta, em referência aos arrendatários, que têm um custo adicional.

A análise também identificou que os pequenos proprietários rurais tiveram 44 solicitações, seguidos pelos grandes (36) e médios (35).

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Mais cedo nesta semana, a Serasa também apontou um aumento nos pedidos de recuperação judicial dos produtores rurais que atuam com Perfil Jurídico (PJ), que somaram 121 solicitações no segundo trimestre, aumento de 40,6% em comparação com os primeiros três meses do ano.

No mesmo período do ano passado, os pedidos somavam apenas 34.

“O que está acontecendo agora é o reflexo de uma combinação de eventos diversos que causaram perdas e desafios significativos no campo”, disse Pimenta, citando alguns dos fatores que motivaram pedidos dos produtores que atuam como pessoa física.

Na PJ, a análise por Estado indicou que Minas Gerais acumulou o maior número de pedidos de recuperação judicial no segundo trimestre do ano, somando 31. Mato Grosso ficou em segundo lugar, com 28 requisições, seguido por Goiás, com 15.

Além dos produtores rurais, as empresas que atuam com atividades diretamente ligadas ao agronegócio também demandaram por recuperação judicial. Durante o segundo trimestre, foram registrados 94 pedidos, alta de 22% comparado aos três primeiros meses do ano.