Economia

Payroll: Por que desemprego alto nos EUA é bom para a economia do país?

08 mar 2024, 12:19 - atualizado em 08 mar 2024, 12:19
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Payroll nos Estados Unidos mostra que Federal Reserve pode estar se aproximando de seus objetivos (Imagem: REUTERS/Brian Snyder)

O payroll, que traz dados sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos (EUA), foi divulgado nesta sexta-feira (08). O dado mais atual é de 275 mil novas vagas e taxa de desemprego no país em 3,9%.

Além disso, o dado anterior de criação de postos de trabalho foi revisado para baixo, passando de 353 mil para 229 mil.

Para o povo americano, o aumento no desemprego é uma má notícia, mas para o Federal Reserve (Fed) pode significar o cenário ideal para começar a cortar as taxas de juros no país.

Por que o Fed analisa o payroll?

Apesar de parecer uma boa notícia, a criação de vagas de trabalho e queda nas taxas de desemprego não são pontos desejados pelo Federal Reserve.

Isso porque, com os americanos ganhando mais e podendo consumir mais produtos, as chances de a inflação no país aumentar aumentam.

Um aumento na inflação é algo que não é desejado pelas autoridades. A meta é uma taxa em 2%, mas Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que o banco central americano pode realizar cortes nas taxas de juros antes de alcançar o número.

Atualmente, as apostas de cortes para junho estão em 79,5%. Antes da divulgação do payroll, o número era de 74,4%. Os juros no país estão entre 5,25% e 5,5%.

Em depoimento ao Senado americano, quando questionado sobre o papel que imigrantes, especialmente os ilegais, exerceram sobre a economia do país, Powell afirmou que não poderia entrar em detalhes sobre a questão, com base na política de neutralidade do Federal Reserve.

Entretanto, Jerome afirmou que esse foi um “fator notável” que deu apoio à economia do país em 2022 e 2023, sem gerar um superaquecimento.

Analistas comentam os dados dos EUA

Sobre os dados, Thomas Monteiro, estrategista-chefe do Investing.com, afirmou que “surpresa à parte, este é mais um indicador de que a inflação não estará se aproximando da meta de 2% do Fed tão cedo. Levando em consideração as pressões atuais advindas do aumento de custos trabalhistas sobre o aumento geral de preços ao consumidor, precisaríamos de um período prolongado de desemprego acima de 4% para ver as coisas se movendo na direção certa”.

“Isso significa que, enquanto o mercado comemora o aumento nos números da taxa de desemprego, ainda temos um longo caminho a percorrer na frente de custos trabalhistas”, complementa.

Para Marcelo Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed, as revisões dos dados anteriores para baixo têm sido constantes e levam o mercado a duvidar dos números atuais anunciados.

“Fora isso, a média salarial baixou e o desemprego veio acima do esperado (3,9% vs. 3,7% esperado). Isso fez com que o mercado americano reagisse um pouco mais positivo após o anúncio”, finaliza.

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