Payroll: Os sinais que ainda dão esperança aos cortes de juros dos EUA
O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos (EUA) divulgou em seu payroll a criação de 175 mil vagas em abril, abaixo da estimativa de 243 mil, e taxa de desemprego passando de 3,8% para 3,9%, ainda abaixo da taxa esperada de 4%.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, considera o relatório robusto, com geração significativa de empregos e níveis reduzidos de desemprego.
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Cruz também destaca o crescimento salarial, que deve trazer alívio à leitura do impacto sobre a inflação, com menor pressão salarial refletida na desvalorização do dólar e no impulso de bolsas.
Diante de payroll, economistas se dividem
Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, afirma que, diante dos dados divulgados pelo Departamento, o mercado de trabalho deve seguir pressionando os preços dos serviços nos próximos meses, o que dificultaria a convergência da inflação americana em direção à meta de 2%.
“A se confirmar esse quadro, acreditamos que são grandes as chances de não haver cortes de juros neste ano”, complementa Rodrigues.
Gustavo, entretanto, apresenta uma visão mais otimista. Para ele, dois pontos favorecem a possibilidade de mais taxas de juros ao longo do ano:
- a divulgação de mais dados econômicos ao longo do ano, com a possibilidade da segunda metade do ano apresentar um alívio mais expressivo à inflação;
- a necessidade do Federal Reserve (Fed) de considerar os impactos das taxas de juros em 2025 a partir do segundo semestre deste ano.
Para o banco UBS, a expectativa é que os dados divulgados hoje acalmem as conversas sobre possíveis aumentos das taxas de juros norte-americanas, atualmente entre 5,50% e 5,25%, ao longo deste ano.
O banco, em relatório assinado pelo economista Jonathan Pingle e equipe, reitera a expectativa de dois cortes ao longo de 2024, o primeiro em setembro e o segundo em dezembro.
Segundo o UBS, a divulgação atual do payroll confirma que esse cenário poderá acontecer, com a diminuição de salários e perda de ganhos em empregos sendo um conforto ao Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto).
O CME FedWatch Tool, ferramenta que apresenta a probabilidade para os cortes de juros, mostra setembro como a data preferida pelo mercado, com 68,2% acreditando que as primeiras reduções ocorrerão nesse mês.