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Payroll: Desaceleração é ‘determinante para início de cortes nos juros’ dos EUA; veja as apostas

05 jul 2024, 12:52 - atualizado em 05 jul 2024, 16:15
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Payroll de junho trouxe novos indícios de desaceleração do mercado de trabalho (Imagem: Kameleon007/Getty Images Signature)

O payroll de junho trouxe novos indícios de desaceleração do mercado de trabalho norte-americano. Essa variável é determinante para o afrouxamento monetário nos Estados Unidos (EUA), avalia o economista sênior do Inter, André Valério.

“O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) tem se mostrado mais sensível a dados negativos de atividade do que de inflação. Mantida essa tendência, esperamos que o Federal Reserve (Fed) dê início ao ciclo de cortes na reunião de setembro, condicionada a não reaceleração da inflação, o que não é o cenário base”, avalia Valério.

O economista da Rio Bravo, José Alfaix, por sua vez, diz que o relatório de trabalho não deve ter o peso exclusivo de mudar a decisão do Comitê. Isso porque o Fed reforçou o posicionamento de vigilância e acompanhamento cauteloso dos dados nas últimas comunicações.

“Lembrando da importância de outros dados da semana, como o JOLTS, ADP e ISM de serviços. Com os últimos dois mostrando bons resultados de retração da atividade econômica”, diz Alfaix.

Após a divulgação do payroll, 73,6% do mercado esperava uma primeira redução de 0,25 ponto percentual dos de juros dos EUA em setembro, segundo a ferramenta CME FedWatch Tool. Para o penúltimo e o último meses do ano, há 50,6% e 23,1% de chances, respectivamente.

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Payroll de junho

O payroll indicou que a economia americana criou 206 mil empregos em junho, resultado um pouco acima do esperado. A taxa de desemprego aumentou na margem, de 4% para 4,1%.

O economista sênior do Inter ressalta também as revisões das duas últimas divulgações que, somadas, retiraram 111 mil empregos previamente anunciados.

“Com o resultado de junho e as revisões dos resultados prévios, a média móvel de três meses de adição de novos empregos ficou abaixo dos 200 mil empregos pela primeira vez em mais de dois anos, indicando que a tendência é de desaceleração do mercado de trabalho americano, como sugere, também, os outros dados de emprego, principalmente os pedidos de seguro-desemprego”, diz.

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Além disso, os salários aumentaram 0,3%, mantendo tendência de desaceleração na variação anualizada, que saiu de 4,1% para 3,9% em junho. “A variação de três meses anualizada também sugere tendência de desaceleração na alta dos salários”, afirma.

O economista da Rio Bravo, por outro lado, está mais cético. “O dado reforça alguma resiliência do mercado de trabalho, em especial nos governos locais, que apresentaram maior geração de empregos. Entretanto, vê-se o desemprego chegar ao patamar de 4,1%”, destaca.

“O resultado surpreende pela headline, mas sem enormes surpresas, e não deve ser um motivo de grande preocupação”, avalia o economista da Rio Bravo.