Opinião

Paulo Gala: Quando as dívidas pesam muito, a economia fica “numb”

28 dez 2017, 11:38 - atualizado em 27 dez 2017, 11:43

Paulo Gala é economista e diretor geral da Fator Administração de Recursos

Conversa numa mesa de operação, fundo multimercado. Gestores se perguntam o que aconteceu que o mundo e o Brasil não crescem mais como antigamente. Os juros vão subir ou cair no futuro? A grande mudança que existe hoje é o tamanho das dívidas, das famílias e empresas.

Todos viraram poupadores líquidos tanto no Brasil, quanto no Japão, Eua e Europa. O único setor que se endivida é o governo. Ou seja, a demanda que ainda surge depende do déficit público. Nos EUA, Trump acaba de dar mais um passo nessa direção com a política de corte de impostos.

Enquanto as gigantescas dívidas privadas no mundo não forem equacionadas, não haverá pressão de demanda e portanto não haverá inflação. Raciocínio semelhante se aplica ao Brasil, com nível de endividamento privado menor, mas taxa de juros ainda altíssima para padrões internacionais! O gráfico abaixo mostra o nível dos juros de 10 anos nos EUA desde os anos 80; no momento em 2,40% ao ano.

O gráfico abaixo mostra os balanços das famílias, empresas governo americano e estrangeiros em termos de renda e gasto a partir de dados das contas nacionais. Para as famílias são salários menos consumo; para empresas lucros menos investimentos; para governos tributos menos gastos públicos e para estrangeiros exportações menos importações.

Quem esta abaixo da linha zero acumula dívidas: o governo americano. Que está acima do zero acumula ativos, são poupadores: as famílias americanas, as empresas americanas e os estrangeiros. Claro que as famílias americanas são altamente endividadas em termos de estoques.

O que vemos nesses gráficos são fluxos anuais de poupança ou despoupança (acúmulo de dívidas). Até 2008 tanto empresas quanto famílias americanas se endividam muito ano a ano. Depois da crise isso virou, desde então famílias e empresas são poupadores. Se ninguém gastar o PIB cai!

CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
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