Economia

Paulo Gala: A economia da padoca

31 jan 2018, 7:35 - atualizado em 30 jan 2018, 23:58

Paulo Gala é economista e diretor geral da Fator Administração de Recursos

Na economia da padoca a maioria das pessoas está empregada em pequenos comércios, restaurantes, cabeleireiros, padarias e farmácias. Não há grandes indústrias high tech, nem serviços empresariais sofisticados e escaláveis. Não há inovação tecnológica, nem novos produtos. Não há economias de escala nem economias de escopo. Em resumo: não há produtividade!

Alguma semelhança com o Brasil de hoje, Baumol dá uma explicação muito elegante para essa distinção: quando o trabalho é uma atividade fim (educação, saúde e lazer, que são “tecnologicamente NÃO progressivas”) a mecanização e alcance de economias de escala é muito mais difícil, se não impossível; ao contrário das atividades em que o trabalho é uma atividade meio, por exemplo manufaturas que são “tecnologicamente progressivas”.

Nesse último caso as economia de escala e escopo estão mais presentes, por isso os ganhos de produtividade são muito mais elevados.

Algo parecido pode ocorrer com os serviços sofisticados: marketing, design, TI, finanças, advocacia, etc. Para Baumol, o aumento de produtividade ocorre principalmente no setor de bens. Os serviços não conseguem aumentar produtividade de forma relevante: músicos, educação, garçons, cabeleireiros. São iguais em todos os lugares.

O aumento de produtividade no setor de bens acaba pressionando também os salários dos setores de serviços; os preços e salários desse setor sobem, na ausência de aumentos de produtividade. Por isso cortar cabelo em Zurich fica mais caro do que cortar em São Paulo, apesar da produtividade de nossos cabeleireiros ser a mesma dos suíços.

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