Passagens por R$ 200 geram atritos no Planalto e bronca pública de Lula; entenda
No final de semana, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, disse que o Governo tem planos de lançar um programa com passagens aéreas a R$ 200. Embora a notícia tenha agradado à população, ela parece ter gerado atritos no Planalto.
Nesta manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a abertura de reunião ministerial para dar um puxão de orelha público nos ministros.
“É importante que nenhum ministro ou nenhuma ministra anuncie publicamente qualquer política pública sem ter sido acordado com a Casa Civil, que é quem consegue fazer que a proposta seja do governo”, disse Lula em discurso na abertura do encontro. “Nós não queremos proposta de ministro.”
A bronca foi vista como uma indireta para França. Após o comentário sobre a proposta, representantes de companhias aéreas teriam entrado em contato com o governo para entender como seria esse programa e se teria algum tipo de subsídio.
Isso teria deixado Lula irritado, porque é uma proposta que ainda não passou pela análise das áreas econômicas para entender se é um programa viável ou não.
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Bronca de Lula para França e outros ministros
No entanto, a bronca não foi só para França – que nem estava presente na reunião de hoje. Desde que assumiu o poder, outros ministros de Lula também já deslizaram em alguns discursos.
Em janeiro, por exemplo, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, falou no plano de revisar a reforma da Previdência. Logo depois, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, veio a público dizer que o governo não tinha nenhuma proposta sobre o tema sendo analisada ou pensada.
Além disso, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também anunciou no começo do ano que acabaria com o saque aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sendo que a proposta não foi confirmada pelo Planalto.
Passagens por R$ 200
Segundo França, o programa de passagens por R$ 200 tem como proposta ocupar lugares vazios nos voos a preços populares. “A meta é encontrar passagens a R$ 200 [o trecho], R$ 400 ida e volta, de qualquer lugar do país”, disse em entrevista.
França destacou que as companhias aéreas brasileiras chegam na faixa de 30 milhões de passageiros, cada uma delas, operando com 78% a 80% de vagas ocupadas, enquanto outros 20% ficam vazios.
Ele ainda destacou que o Governo não irá subsidiar estas passagens, mas atuará como um intermediador entre as companhias aéreas para que valores populares possam ser aplicados. Desta forma, aposentados e pensionistas da previdência poderão realizar a compra, bem como estudantes e todos os servidores públicos, com salário de até R$ 6.800. Ainda, explicou que serão duas passagens por ano.
Questionado sobre quem faria a venda, explicou que poderia ser por meio dos aplicativos da Caixa Econômica ou Banco do Brasil, visto que o público para o qual o programa será destinado são pessoas que já têm a renda vinculada ao Governo, com exceção dos estudantes.