Passagem a R$ 200 reais: Entenda a proposta e se projeto impacta ações das aéreas
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, afirmou, em entrevista ao jornal Correio Braziliense, que o Governo tem planos de lançar um programa com passagens aéreas a R$ 200, o Voa Brasil.
Na entrevista, o ministro detalhou ao jornal os planos à frente da pasta. De acordo com França, o programa tem como proposta ocupar lugares vazios nos voos a preços populares.
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“O plano está montado, agora é uma questão de o governo concordar. Será uma revolução na aviação brasileira. A meta é encontrar passagens a R$ 200 [o trecho], R$ 400 ida e volta, de qualquer lugar do país.”, disse em entrevista.
Como vai funcionar as passagens aéreas a R$ 200
França disse ao jornal que o Governo não irá subsidiar estas passagens, mas atuará como um intermediador entre as companhias aéreas para que valores populares possam ser aplicados.
Desta forma, aposentados e pensionistas da previdência poderão realizar a compra, bem como estudantes e todos os servidores públicos, com salário de até R$ 6.800. Ainda, explicou que serão duas passagens por ano.
“Cada usuário terá direito a duas passagens por pessoa por ano. Você pode comprar para você e para sua esposa, para você e para o seu filho. Ou seja, duas idas e voltas para qualquer lugar, quatro pernas por R$ 200 cada, R$ 800 em 12 prestações de R$ 72. Essa é a meta. Tira dezembro, janeiro e julho. São 14 a 15 milhões de passagens ao ano por R$ 200”, disse ao Correio Braziliense.
Questionado sobre quem faria a venda, explicou que poderia ser por meio dos aplicativos da Caixa Econômica ou Banco do Brasil, visto que o público para o qual o programa será destinado são pessoas que já têm a renda vinculada ao Governo, com exceção dos estudantes. Neste caso, aponta que será necessário desenvolver um mecanismo de financiamento.
“No fundo, isso já existiu. A Caixa Econômica fez isso, muito tempo atrás. Um programa chamado Melhor Viagem, destinado a idosos. Conversei com a presidente da Caixa, acho que vai ser fácil. O que importa é a decisão política e as três (companhias) têm que querer. Nós só temos três: Azul, Gol e TAM, pode ser que alguma não se interesse, mas acho difícil”, disse ao jornal.
Aéreas já demonstram interesse
Para que o plano seja colocado em prática, é necessária uma parceria entre o governo e as companhias aéreas.
Segundo noticiou o Valor Econônico, a Azul, Gol e a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) já demonstram interesse e enxergam com bons olhos o projeto.
De acordo com o diretor de relações institucionais, aeroportuárias e comunicação da Azul, Fábio Campos, se trata de uma proposta diferente, mas estão abertos a debates e ansiosos para começar a conversar mais sobre o programa.
Já no caso da Gol, em nota, afirmou que nasceu com o propósito de democratizar a aviação no Brasil e que estão à disposição para contribuir com o Governo na viabilização de um projeto que amplie ainda mais o acesso da população ao transporte aéreo.
A Latam não manifestou sobre o projeto.
Medida já impacta ações do setor?
No início desta terça-feira (14), as ações da Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) apresentaram leve alta no Ibovespa, entretanto, sem grandes variações ao longo do dia.
Por volta das 16h28, AZUL4 tinha alta 2,02%, enquanto GOLL4 apresentava leve alta de 0,42%.
Para Gustavo Cruz, Estrategista Chefe da RB Investimentos, a alta das aéreas ainda não está atrelada ao anúncio das passagens a R$ 200. Cruz aponta que a queda do câmbio e do petróleo são fatores que mais impactam nas variações de hoje.
Isso porque há impacto nos combustíveis e, consequentemente, nos custos das companhias, que realizam os pagamentos em dólar.
O estrategista apontou ainda que ainda não é possível saber como o projeto Voa Brasil irá impactar as aéreas, visto que o plano ainda não foi bem determinado e Lula deu um “puxão de orelha” em ministros anunciando projetos sem alinhamento com a Casa Civil.
Em linha, José Faria Júnior, analista pela Planejar, destacou que as ações do setor aéreo ainda não sofrem variações devido ao projeto, mas que pode ocorrer no futuro.
Bronca de Lula
Nesta manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a abertura de reunião ministerial para dar um puxão de orelha público nos ministros.
“É importante que nenhum ministro ou nenhuma ministra anuncie publicamente qualquer política pública sem ter sido acordado com a Casa Civil, que é quem consegue fazer que a proposta seja do governo”, disse Lula em discurso na abertura do encontro. “Nós não queremos proposta de ministro.”
A bronca foi vista como uma indireta para França. Após o comentário sobre a proposta, representantes de companhias aéreas teriam entrado em contato com o governo para entender como seria esse programa e se teria algum tipo de subsídio.
Isso teria deixado Lula irritado, porque é uma proposta que ainda não passou pela análise das áreas econômicas para entender se é um programa viável ou não.